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Olimpíada do sufixo "ado" resgata torcida brasileira
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Lucas Mota é repórter de Esportes de O POVO. Estudou jornalismo na Universidade 7 de Setembro e na Universidad de Málaga (UMA). Ganhou o Prêmio CDL de Comunicação na categoria Webjornalismo e o Prêmio Gandhi de Comunicação na categoria Jornalismo Impresso, e ficou em 2º lugar no Prêmio Nacional de Jornalismo Rui Bianchi

Lucas Mota esportes

Olimpíada do sufixo "ado" resgata torcida brasileira

Os Jogos Olímpicos de Tóquio têm resgatado a torcida brasileira e o sentimento de orgulho por atletas do Time Brasil fora do círculo do futebol
Rebeca Andrade conquistou a medalha de prata na ginástica artística (Foto: Loic VENANCE/AFP)
Foto: Loic VENANCE/AFP Rebeca Andrade conquistou a medalha de prata na ginástica artística

No futebol, o sufixo "ado" virou sinônimo de vibração para simbolizar a empolgação do torcedor. Por aqui, o torcedor do Ceará fica "Sobralizado" com as atuações de Fernando Sobral. A torcida tricolor está "Vojvodizado" com o técnico Juan Pablo Vojvoda. Pois bem, os Jogos Olímpicos, que chegou ao dia 11 nesta terça-feira, 3, não poderiam passar em branco. Já adianto que estou completamente "Rebecalizado", "Italizado" e "Rayssado" com os resultados do Time Brasil.

É legal ver a torcida brasileira mergulhar na empolgação da Olimpíada em Tóquio comemorando os desempenhos de atletas que têm pouco holofotes no país do futebol. Nas redes sociais, é possível perceber a agitação com o uso do sufixo "ado" para vibrar com os resultados dos brasileiros em Tóquio.

Rebeca Andrade encantou o Brasil com as conquistas das medalhas de ouro e prata na ginástica artística, Ítalo Ferreira foi ouro no surfe e Rayssa Leal, a Fadinha, com apenas 13 anos carimbou a prata no skate. Entre outras histórias emocionantes, o bronze do Alison dos Santos no atletismo e de Daniel Cargnin no judô.

A Olimpíada é competição que contagia o torcedor. Encontra adeptos leigos, que acabam acompanhando pela imensa cobertura dos Jogos. O mesmo acontece também na Copa do Mundo. Torneios desta dimensão costuma reunir os apaixonados pelo esporte e novos torcedores, que entram na onda.

Os Jogos Olímpicos de Tóquio têm resgatado a torcida brasileira e o sentimento de orgulho por atletas do Time Brasil fora do círculo do futebol. E o resgate acontece justamente por meio de outras modalidades, que ficam anos fora do radar até chegar a Olimpíada. A identificação e aproximação do torcedor ocorre pela história de superação dos atletas, os discursos e, claro, o desempenho. Afinal, o brasileiro gosta de torcer por campeão.

Comemoro a vibração do torcedor, a relação de orgulho pelo Time Brasil. É bom demais torcer, comemorar os resultados desses brasileiros. Não lembro da última vez que torci tanto por uma conquista como nas apresentações de Rebeca Andrade na ginástica. Mistura de apreensão, angústia e euforia pelo desfecho vitorioso.

Vibro porque sou apaixonado por esporte. Comemoro porque sou apaixonado por futebol. E o nosso principal produto perdeu a sintonia com o torcedor a tempos. Discursos vazios, posturas mimadas e desconexão com o contexto político e social do Brasil por parte de jogadores que servem à seleção distanciaram o "país do futebol" com a equipe tupiniquim.

Isso fica claro com a onda de torcedores brasileiros que secaram a própria seleção diante do principal rival, a Argentina, na final da Copa América. Um torneio descartável pelo contexto de pandemia instalado no Brasil. Uma competição que caiu aqui no colo do país numa decisão rápida e contraditória do presidente Jair Bolsonaro, que aceitou receber o certame após as negativas da Colômbia e Argentina, inicialmente previstas para serem sedes. A mesma agilidade o governo federal não teve para acelerar a vacinação da população.

Até o dia 8 seguimos envolvidos pelos Jogos Olímpicos. Que mais personagens possam contar e marcar o nome na história do esporte brasileiro. Por mais comemorações, narrativas de superação e vitórias de atletas olímpicos tão acostumados a dificuldades. Por mais sufixo "ado" para o Time Brasil.

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