Um duro golpe o Ceará levou na última quinta-feira, 9, quando os bastidores do Flamengo na procura por um novo técnico avançaram rapidamente. O Rubro-Negro tirou Dorival Júnior do comando do Vovô para substituir o português Paulo Sousa, demitido da Gávea após trabalho pífio. A saída do treinador do Porangabuçu impacta diretamente no futuro do Alvinegro justamente quando a equipe estava encaixada e em evolução pelos principais objetivos na temporada.

O Flamengo mais uma vez aparece no caminho do futebol cearense. Em 2020, o clube carioca tirou Rogério Ceni do Fortaleza. O que se viu na sequência foi a queda de produção do time do Pici. Os substitutos Marcelo Chamusca e Enderson Moreira não conseguiram sustentar o trabalho do ex-goleiro. O Tricolor brigou até o fim da Série A do Campeonato Brasileiro para escapar do rebaixamento.

Dois anos depois, o cenário é semelhante. Dorival Júnior resgatou o bom futebol do Ceará, implementou novo padrão tático após a saída de Tiago Nunes e conquistou resultados positivos. O aproveitamento foi de 68,51%. Em 18 jogos, foram 11 vitórias, quatro empates e apenas três derrotas. Classificou o time para o mata-mata da Sul-Americana com a melhor campanha da fase de grupos e invicto.

O técnico deixa o Ceará após sequência invicta de nove jogos. A tendência era de que, com ele, o Vovô almejasse posições na primeira parte da tabela. O treinador foi responsável por potencializar as características de jogo do atacante colombiano Steven Mendoza. O camisa 10, que já vinha em evolução com Tiago Nunes, decolou de vez com Dorival e se tornou o atleta mais decisivo do elenco, com direito à artilharia isolada no grupo alvinegro com 15 gols.

Com a saída de Dorival, fica um ponto de interrogação sobre a sequência do escrete do Porangabuçu. Qual novo treinador pode dar continuidade ao trabalho? É difícil achar uma peça no mercado nacional que chegue com respaldo e com a confiança da torcida. Em meio ao calendário intenso de jogos, a busca por um técnico do estrangeiro, que precisa de tempo para adaptação, não deve acontecer.

O Vovô já tem uma partida extremamente decisiva no fim de junho. É o Clássico-Rei válido pelas oitavas de final da Copa do Brasil. Pode ser considerado o maior embate entre Ceará e Fortaleza por se tratar de uma fase avançada da importante competição. Além disso, tem os duelos contra o The Strongest, pelas oitavas de final da Sul-Americana, e as partidas da Série A, onde a equipe tem como primeiro objetivo a permanência.

Sobre a ida de Dorival ao Flamengo, vejo como um movimento natural de qualquer mercado. O técnico foi valorizado, recebeu uma proposta melhor para os seus planos de carreira e aceitou. Nos bastidores, a própria diretoria do Ceará vê com naturalidade a situação, embora não quisesse perder o treinador.

Apesar de não ter perdido o comandante para o Flamengo, o Fortaleza segue com enormes desafios para se recuperar na Série A do Campeonato Brasileiro. Vojvoda, que chegou a ser especulado no Rubro-Negro, está comprometido com o Tricolor, mas precisa de resultados urgentemente. Desde o início do ano, a equipe ainda não encontrou o equilíbrio ideal. O Leão está na lanterna da competição e já começa a fazer os cálculos contra a degola.