Futebol é como uma montanha russa. Hora você está em cima, outra está embaixo. É um sobe e desce constante. E com jogos atropelados no intenso calendário do Brasil, é possível mudar de lugar e de status a cada três dias.

Histórias de redenção no futebol brasileiro são muitas. A superação é uma marca do esporte. Na noite de quinta-feira, 31, foi a vez de Guilherme, atacante do Fortaleza, que foi bastante criticado por parte da torcida, selar de vez a volta por cima no clube.

Foi um trajeto doloroso. Em meio a desempenho aquém e gols perdidos, Guilherme foi massacrado nas críticas, muitas delas exageradas, pesadas, que ultrapassavam o campo do bom senso e do respeito. O jogador de 28 anos precisou ser resiliente no período de "deserto", como ele mesmo salientou em entrevista exclusiva concedida ontem ao programa Esportes do POVO, da Rádio O POVO CBN.

"Foi um tempo complicado, foi um tempo no deserto, vou usar esse termo. Mas foi um lugar de muito aprendizado, aprendi muita coisa como atleta e ser humano, trabalhando firme, acreditando no meu potencial, no que as pessoas dentro do clube falavam pra mim. E mudou, Deus escolheu esse tempo para eu mudar minha trajetória no Fortaleza. Minha alegria é imensa de estar vivendo esse momento com a camisa do Fortaleza."

Entre os fatores para a redenção, está a blindagem às redes sociais. A coluna apurou que o jogador se desliga totalmente dos comentários externos feitos nos microblogs. Foi no ambiente online onde o atacante sofreu bastante "hate" de torcedores.

O acolhimento citado por Guilherme foi a chave para a virada. Desde a comissão técnica à diretoria. Todos no clube buscaram ajudar e passar confiança ao atleta. O técnico Juan Pablo Vojvoda nunca se deixou influenciar pelas críticas sobre o atacante e o bancou na pior fase, pois acreditava no potencial do camisa 29. E a insistência do comandante argentino deu resultado.

Guilherme foi o grande protagonista da classificação histórica para a semifinal da Sul-Americana, com três gols marcados nos dois confrontos das quartas de final contra o América-MG. Na partida da volta, no Castelão lotado com mais de 56 mil torcedores, ele foi ovacionado. O atleta é o artilheiro do Leão na competição internacional com quatro gols.

“O professor Vojvoda, com certeza, é um peça muito fundamental nisso, porque é um cara que não desistiu de mim sequer um dia", contou Guilherme.