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Primeiros sinais de um Brasil com ideia de jogo: o que Ancelotti já mudou na Seleção
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Lucas Mota é editor-chefe de Esportes do O POVO e da rádio O POVO CBN. Estudou jornalismo na Universidade 7 de Setembro e na Universidad de Málaga (UMA). Ganhou o Prêmio CDL de Comunicação na categoria Webjornalismo e o Prêmio Gandhi de Comunicação na categoria Jornalismo Impresso, e ficou em 2º lugar no Prêmio Nacional de Jornalismo Rui Bianchi

Lucas Mota esportes

Primeiros sinais de um Brasil com ideia de jogo: o que Ancelotti já mudou na Seleção

Vitória sobre o Paraguai sela vaga na Copa e evidencia evolução coletiva da equipe, com destaque para organização tática, variação de esquema e postura agressiva com e sem a bola
Ancelotti soma um empate e uma vitória pelo Brasil em dois jogos (Foto: NELSON ALMEIDA / AFP)
Foto: NELSON ALMEIDA / AFP Ancelotti soma um empate e uma vitória pelo Brasil em dois jogos

Mais 90 minutos da nova Seleção Brasileira sob o comando de Carlo Ancelotti. A vitória por 1 a 0 sobre o Paraguai, em São Paulo, selou a (obrigatória) classificação para a Copa do Mundo de 2026 e representou mais um passo na evolução tática da equipe com o italiano à beira do campo.

O balanço dos dois primeiros jogos com Ancelotti é positivo. Sem euforia — ainda não é o momento —, mas é preciso destacar as melhorias. Diante do Paraguai, o Brasil foi além da solidez defensiva já apresentada no empate sem gols com o Equador, fora de casa, e mostrou organização ofensiva, variação de esquema, controle da posse e uma postura agressiva.

A atuação não foi brilhante. Ainda é preciso evoluir muito para enfrentar de igual para igual os principais concorrentes europeus e a atual campeã mundial, Argentina. Mas foi um jogo coletivo bem estruturado, com um sistema funcional e de movimentações intensas.

Há muito tempo o Brasil não encurralava um adversário como fez com o Paraguai — que, embora tecnicamente inferior, é um time competitivo e vinha de nove partidas de invencibilidade sob o comando de Gustavo Alfaro.

O ataque funcionou com quatro atacantes em campo, apoiados por dois volantes que marcam e constroem — Casemiro e Bruno Guimarães, ambos com atuação de destaque. Martinelli, Matheus Cunha, Vini Jr e Raphinha tiveram movimentação intensa e agressiva, sufocando a defesa paraguaia e pressionando com eficiência após a perda da bola.

"A pressão do Brasil foi muito boa, muito rápida. Fazíamos dois toques e perdíamos. Tínhamos que correr para trás. O triângulo que o Brasil marcava com Marquinhos, Alex e Casemiro, dava espaços, mas não conseguíamos romper a primeira pressão. Não conseguíamos romper a pressão do laterais e do Bruno Guimarães e sair com a bola dominada. Faltou essa resposta", exaltou o técnico do Paraguai após a derrota.

O sistema tático inicial foi o 4-3-3, mas Ancelotti variou durante a partida para o 3-4-3 e o 3-5-2. Martinelli atuou com liberdade pelo lado esquerdo, muitas vezes na altura do meio-campo, criando boas jogadas individuais. A saída de bola era feita com três jogadores: os zagueiros Marquinhos e Alex, além do lateral-esquerdo Alex Sandro, que recuava para formar a linha de três.

O Brasil ocupou o campo ofensivo durante boa parte do primeiro tempo. Quando perdia a bola, pressionava e rapidamente a recuperava para retomar o ataque. O gol saiu dessa postura: após Raphinha perder a bola, Matheus Cunha acreditou na jogada, recuperou a posse e cruzou para Vini Jr, que atuou como um falso 9 e balançou as redes.

"A ideia era mudar um pouco o setor ofensivo. Martinelli mudou de posição com Vini, Cunha ajudou na posse de bola no ataque. Cunha, Martinelli, Raphinha...o time combinou bem; Vanderson empurrou muito o Paraguai pelo lado direito. Jogaram bem e por isso estou contente", afirmou Ancelotti em entrevista coletiva após a vitória.

A escolha de Vini como centroavante não foi uma invenção de ocasião. Ancelotti já havia escalado o brasileiro assim no Real Madrid na temporada 2024, quando juntos conquistaram a Champions League. Vini Jr não teve uma atuação espetacular, mas fez um jogo inteligente e foi decisivo.

O sistema defensivo também sai valorizado após os dois primeiros jogos do novo ciclo. Ancelotti é especialista em montar equipes equilibradas e demonstrou, desde já, que essa é uma de suas prioridades.

Antes da estreia do italiano, o Brasil havia sofrido dez gols nos dez jogos anteriores. Com Ancelotti, a defesa passou em branco contra Equador e Paraguai, sendo pouco ameaçada. É a primeira vez que a Seleção não sofre gols em um Data Fifa desde a Copa do Catar.

"Sou italiano (risos). A equipe não tomou gol porque trabalharam bem atrás, os meio-campistas fizeram esforço extraordinária, como o Casemiro. Saio contente também por isso, mais por estarmos ao Mundial", comentou Carleto.

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