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Luis Enrique me entenderia
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Lucas Mota é editor-chefe de Esportes do O POVO e da rádio O POVO CBN. Estudou jornalismo na Universidade 7 de Setembro e na Universidad de Málaga (UMA). Ganhou o Prêmio CDL de Comunicação na categoria Webjornalismo e o Prêmio Gandhi de Comunicação na categoria Jornalismo Impresso, e ficou em 2º lugar no Prêmio Nacional de Jornalismo Rui Bianchi

Lucas Mota esportes

Luis Enrique me entenderia

Entendo você, Luis. Também me tornei um viciado — em corrida. Não sei mais viver sem atividade física
Registro da primeira corrida de Lucas Mota, na Beira Mar (Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Registro da primeira corrida de Lucas Mota, na Beira Mar

Imagina você parar tudo a cada 30 minutos para fazer pequenos ciclos de exercícios. Interromper a reunião com a chefia para pelo menos dez agachamentos. Pausar a DR com a esposa para 20 polichinelos. Sabe quem faz isso? O queridíssimo Luis Enrique, técnico do PSG.

Adoro a figura do Luis Enrique treinador. Gosto do tatiquês do espanhol. O que ele fez na sua passagem pelo Barcelona — e agora no PSG — são trabalhos que marcam época. Foi esse interesse que me levou a assistir ao documentário sobre o irreverente técnico, disponível na Max.

São apenas três episódios. O que me chama a atenção é o fato de Luis Enrique estar sempre praticando exercícios. São vários takes dele nesse ambiente: agachamento, abdominal, flexão, bicicleta, sauna. Faz parte da rotina dele. O cara é um viciado. Chega a ser engraçado.

Entendo você, Luis. Também me tornei um viciado — em corrida. Não sei mais viver sem atividade física.

Não sei muito bem como descrever a minha transição de sedentário convicto, fumante e repleto de contraindicações, para um atleta amador. Nem cavalo aguenta, parafraseando o bon vivant Adriano Imperador.

Prefiro quebrar na corrida do que na noitada. Não sei o que houve, nicotina. Larguei você, e agora prefiro acordar cedíssimo e correr sem parar até o pé gritar de fascite plantar. Você nunca vai entender. A perna chora com canelite. Quando você volta do circuito, não é mais o mesmo. É o rei do mundo.

Meu amigo PH Santos, crítico de cinema e corredor amador, sabe bem do que estou falando. Um dia me confabulou: quando lhe falta inspiração textual, ele dá um trotinho e retorna pique Machado de Assis. Depois de um longão, eu volto pra casa cronista à la Xico Sá pós-oitavo chope.

Faz pouco tempo, fui a um grosseiro ortopedista. Ele sequer deixou eu abrir a boca para explicar minhas queixas.

— Tá correndo com dor?

Oxe, e o "sem dor, sem ganho", doutor, nunca ouviu?

O senhor excelentíssimo médico queria me parar. Tive de negociar aqui e ali para que ele aceitasse um meio-termo. Era apagar o resquício da dor e ficar triste — ou conviver com a bendita e ser feliz. O doutor entendeu.

Só sei que amanhã tem corrida. E estarei na pista. Meu amigo PH também vai. O domingo será inspirado.

 

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