Lucas Mota é editor-chefe de Esportes do O POVO e da rádio O POVO CBN. Estudou jornalismo na Universidade 7 de Setembro e na Universidad de Málaga (UMA). Ganhou o Prêmio CDL de Comunicação na categoria Webjornalismo e o Prêmio Gandhi de Comunicação na categoria Jornalismo Impresso, e ficou em 2º lugar no Prêmio Nacional de Jornalismo Rui Bianchi
Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC
O lateral-esquerdo Diogo Barbosa foi alvo de xingamentos por parte de torcedores no Castelão
Xingar no futebol faz parte do jogo. O “vai tomar naquele lugar” é quase uma obrigação do torcedor durante os 90 minutos de peleja. Voltar para casa sem encher os pulmões para lançar uma ofensa contra um dos protagonistas da partida é perder a chance de ser desagradável sem ser julgado.
A ofensa no futebol virou cultura. Quem ainda se abala com o jogo de palavras sem etiquetas do mundo boleiro? Achei que não, mas ainda há quem se espante.
Um dia depois do empate em 0 a 0 entre Fortaleza e Vélez, pela Libertadores, meu companheiro de bancada no programa Esportes do POVO, Thiago Minhoca, relatou, ainda perplexo, um episódio que presenciou no estacionamento do Castelão. Na saída dos jogadores do vestiário, um pequeno grupo de quatro torcedores esbravejou todo o extenso vocabulário de palavrões contra o lateral-esquerdo Diogo Barbosa, um dos principais alvos de críticas no momento ruim do Leão.
Minhoca, que vive o futebol no dia a dia e está no estádio toda semana para comentar jogos de Ceará e Fortaleza, se espantou com a cena. Confessou que chegou a pensar em ir até Diogo e oferecer uma palavra de consolo.
Não sei o que acontece, mas o futebol parece desligar uma chave importante da etiqueta social. É uma mistura de expectativas e frustrações dentro de um caldeirão que explode quando o esperado não se concretiza. É um esporte que leva o torcedor a extremos: quando ganha, são três dias nas nuvens até o próximo jogo; quando perde, vêm dias de mau humor pela frente.
Nessa conta ilógica do torcedor, imagine o cenário do Fortaleza. O 2025 tem sido de frustrações. Poucos são os motivos para comemorar.
O futebol é entretenimento, mas só para quem vence. A coluna de hoje não busca debater o certo e o errado, apenas constatar uma cultura profundamente enraizada no esporte da pelota nos pés.
Em outras modalidades, o comportamento subversivo do torcedor causaria choque. No tênis, por exemplo, seria impensável ver a torcida entoando cânticos com xingamentos a um atleta em plena quadra.
Mas esse é o futebol. No estádio, parece que vale tudo. O palavrão é o aplauso da frustração.
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