Logo O POVO+
O dia em que tudo deu errado... e certo
Foto de Lucas Mota
clique para exibir bio do colunista

Lucas Mota é editor-chefe de Esportes do O POVO e da rádio O POVO CBN. Estudou jornalismo na Universidade 7 de Setembro e na Universidad de Málaga (UMA). Ganhou o Prêmio CDL de Comunicação na categoria Webjornalismo e o Prêmio Gandhi de Comunicação na categoria Jornalismo Impresso, e ficou em 2º lugar no Prêmio Nacional de Jornalismo Rui Bianchi

Lucas Mota esportes

O dia em que tudo deu errado... e certo

Tachinha, wi-fi, esbarrão, celular descarregado. Tudo acontece para jornalista com pressa
Crachás antigos do colunista Lucas Mota (Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Crachás antigos do colunista Lucas Mota

Acordo num hotel luxuoso. É um grande dia. Fui enviado pelo jornal para cobrir o lançamento da nova sede da Copa do Mundo. Já deixei todo o equipamento necessário na mochila, os documentos e o crachá de credenciamento em cima da escrivaninha do quarto, e os eletrônicos devidamente carregados.

Até as 16 horas, quando está marcada a conferência de imprensa em um dos salões do hotel, tenho a manhã praticamente livre. Apenas um link ao vivo de 20 minutos no "Esportes do POVO", próximo do meio-dia no Brasil. De resto, é relaxar e me preparar para o evento.

Ao levantar da cama, na primeira pisada, sinto um beliscão no pé. Solto um palavrão para enfrentar a dor momentânea. Olho para baixo e vejo uma tachinha enfiada na sola do calcanhar. Retiro o item, lavo o pequeno corte e sigo a vida.

Depois de um belo banquete de café da manhã, deixo todo o equipamento montado para a entrada ao vivo no "Esportes do POVO". Meia hora antes do link, o wi-fi do hotel passa por uma oscilação. Resultado: não consigo participar. A falha prejudica o programa.

Problemas acontecem, infelizmente. Faltando uma hora para a conferência, circulo pela sala de imprensa e encontro um amigo jornalista de Pernambuco. O tempo voa na resenha sobre futebol, planos profissionais e vida pessoal.

Reparo que a bateria do meu celular está em 25%. Tranquilo, tenho meu carregador portátil carregado. Quando o conecto ao aparelho, tomo um susto: ele só tem 15% de carga. Bate um pequeno desespero, porque sei que não vai ser suficiente para suportar o tempo dos anúncios e das entrevistas. Cruzo os dedos para que haja tomadas acessíveis nos assentos do salão.

A poucos minutos do início, sigo em direção à conferência. No caminho, esbarro sem querer em um garçom com uma bandeja de licor. Voam taças para todo lado. Meu blazer fica manchado de várias cores.

Está tudo virando um desastre. Mas não há tempo para lamentar. Caminho até o segurança da entrada do salão. O check-in é feito por QR Code via celular. Quando coloco a mão no bolso, percebo que esqueci o telefone na sala de imprensa.

Sem o código, não há negociação, reforça o segurança. Corro desesperado, mas em vão. Quando volto, as portas já estão fechadas. A cobertura desceu totalmente pelo ralo. Não sei como vou explicar.

Ando de volta à sala de imprensa para pelo menos acompanhar a conferência em vídeo, quando tropeço em um amontoado de camisas. Enquanto tento recuperar o equilíbrio, percebo que são relíquias: camisas de craques do passado, como a de Ronaldo pela Inter de Milão e a de Zidane pela Juventus, entre outras.

Ali eu já estava à flor da pele. Tudo tinha dado errado — um fiasco total. Eis que ouço alguém falando comigo em espanhol. Pergunta se está tudo bem. Quando ergo a cabeça, vejo Zinedine Zidane falando comigo. Ao lado, Andrés Iniesta comenta algo também.

Não consigo entender bem o que eles dizem. Estou impactado. Tampouco consigo responder. Fico completamente travado. Eles continuam a falar comigo com uma naturalidade absurda, como se me conhecessem de longa data. Fico emocionado.

Abro os olhos marejados e percebo que tudo aquilo foi apenas um sonho.

Foto do Lucas Mota

Se você quer informação sobre futebol antes, durante e depois da bola rolar, é aqui mesmo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?