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Do sofá aos 21 km: a história de um improvável meia-maratonista
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Lucas Mota é editor-chefe de Esportes do O POVO e da rádio O POVO CBN. Estudou jornalismo na Universidade 7 de Setembro e na Universidad de Málaga (UMA). Ganhou o Prêmio CDL de Comunicação na categoria Webjornalismo e o Prêmio Gandhi de Comunicação na categoria Jornalismo Impresso, e ficou em 2º lugar no Prêmio Nacional de Jornalismo Rui Bianchi

Lucas Mota esportes

Do sofá aos 21 km: a história de um improvável meia-maratonista

Pela primeira vez na vida, o colunista terminou uma corrida de 21 quilômetros
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Lucas Mota, colunista do Esportes O POVO e meia-maratonista, e o filho, Bento (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Lucas Mota, colunista do Esportes O POVO e meia-maratonista, e o filho, Bento

Virei meia-maratonista. Foi uma das sensações mais incríveis que já vivi. Uma trajetória marcada por dores, superação e transformação. Saí do sofá do sedentarismo para as pistas. Troquei o vício do cigarro pelo efeito quase viciante dos quilômetros rodados pela cidade.

E tudo isso aconteceu meio por acaso. Eu tinha até “alergia” à prática esportiva. Lá pelos 25 anos, larguei qualquer tipo de movimento. Esporte, para mim, só profissionalmente falando, nas coberturas jornalísticas. Depois que meu filho nasceu, resolvi parar no tempo, virar as costas para a “onda fit” e aproveitar outros prazeres da vida.

Até que, no dia 30 de setembro de 2024, recebi um convite, via assessoria de imprensa, para participar de uma corrida marcada para pouco mais de um mês depois, em 3 de novembro. Nem sei exatamente o porquê, mas aceitei o desafio e me inscrevi na prova de 5 km. Obrigado, Raissa.

Em um mês, dei meu jeito. Mergulhei de cabeça no universo da corrida. Pesquisei, estudei e fui rodar minha quilometragem. Comecei a gastar a sola de um tênis que eu tinha comprado um ano antes, naquelas promessas clássicas de “agora vai”. Só virou realidade quando o convite milagroso apareceu no WhatsApp.

Os primeiros cinco quilômetros foram emocionantes. Revivi aquele misto de adrenalina, tensão e ansiedade que te movimenta, que te faz sentir vivo. Foi ali, prestes a largar, naquela muvuca toda acordada antes mesmo de a cidade despertar, que entendi o real motivo de participar de uma corrida. É uma bomba de prazer físico e mental.

Cruzei a linha de chegada e acendi um cigarro para comemorar. Eu ainda era um atleta híbrido. Mas aquele primeiro passo despertou a vontade de sentir mais do prazer da corrida. Acabei me viciando, dessa vez, de um jeito bom, e trazendo o esporte para a minha rotina.

Me adaptei para encaixar os treinos no dia a dia de trabalho, de cuidar da casa, dos compromissos sociais e de ser um pai presente. Passei a treinar com orientação profissional.

Virei figurinha carimbada nas corridas da cidade. O esporte virou parte do meu trabalho também. Publiquei inúmeros vídeos contando minhas experiências em provas e treinos, sempre com bom humor. Ganhei milhares de visualizações e passei a fazer parte dessa comunidade incrível.

No último domingo, corri pela primeira vez 21 quilômetros, em 1h49min. Eu estava muito preparado. Treinei pra caramba. Meu treinador me transformou no Keanu Reeves de "Velocidade Máxima". Segui a estratégia à risca e sabia que tinha boas chances de terminar abaixo das duas horas.

A corrida é uma terapia silenciosa. Durante o percurso, minha mente viaja, se inspira, cria, resolve problemas e encontra paz. O corpo segue em pleno movimento.

Destravar a meia-maratona é uma experiência quase transcendental. E o meu pódio veio em forma de abraço coletivo: do meu filho, da minha mãe e da minha namorada.

É só o começo. Em 2026, certamente voltarei aqui para contar outras aventuras pelas pistas. Meu filho acha que eu sou um super-herói. Imagina quando eu correr 42 km.

Foto do Lucas Mota

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