Sem vacina para a epidemia da desinformação no Cariri
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Âncora e coordenador de Jornalismo da rádio O POVO CBN Cariri Já foi repórter da rádio O POVO CBN Cariri, em Juazeiro do Norte, e da rádio O POVO CBN, em Fortaleza. Atuou também no jornal O POVO, nas editorias de Cidades e Política. Atualmente, também é colaborador da editoria de Veículos do portal O POVO. Formado na Universidade Federal do Cariri (UFCA)
Sem vacina para a epidemia da desinformação no Cariri
Como ainda não há vacina para o problema das fake news, a epidemia não para de avançar e pode custar vidas, principalmente as de quem é protegido pela Constituição para ter acesso gratuito aos imunizantes via SUS
Foto: FERNANDA BARROS
Dia D de vacinação no Liceu da Messejana, em Fortaleza
O fenômeno de notícias falsas que ganhou dimensão de pandemia junto com a circulação do coronavírus em meados de 2020 continua a desafiar as autoridades e a Ciência. Conteúdos que relacionam vacinas a doenças graves são a bala na agulha de quem faz da desinformação um mecanismo para ganhar likes, compartilhamentos e, sobretudo, dinheiro. No Cariri cearense, não é diferente. Cada vez mais, as fake news afastam as pessoas dos postos de saúde e derrubam as taxas de cobertura vacinal.
No Crato, até a primeira quinzena de maio, menos de 30% do público-alvo da vacina contra a gripe recebeu a imunização, reflexo de um desinteresse e descrédito crescentes da população em relação à eficácia dos imunizantes. A coordenadora de Vigilância em Saúde do Município, Evanúsia Lima, diz que as mentiras espalhadas nas redes sociais são o ponto nevrálgico da baixa procura. Em entrevista à rádio O POVO CBN Cariri, ela manifestou preocupação com a epidemia da desinformação, que acomete especialmente aqueles que mais precisam das vacinas: os pobres.
A falta de acesso à Educação/informação torna o público vulnerável presa fácil para os propagadores de notícias falsas. Pela tela do celular, alguém que sequer conhece o alfabeto completo pode chegar à conclusão de que vacinas causam AVC, câncer e outras doenças graves. Um vídeo manipulado contendo trilha e narrações impactantes geradas com inteligência artificial é o suficiente para a ignorância triunfar ante o respaldo científico de quem dedicou anos ou até décadas para criar soluções aos grandes problemas epidemiológicos da humanidade.
Tão rápido quanto a circulação de vírus endêmico, o mal da desinformação se espalha como rastilho de pólvora. Para o seu João e a dona Maria do Pinto Madeira, o bairro mais pobre do Crato, a explicação dos especialistas no vídeo a que assistiram no zap vale mais do que qualquer esforço científico. Aliás, para eles e tantos outros Ciência é tudo aquilo de que foram convencidos.
Se o conteúdo falso já os fizeram acreditar que a vacina faz mal, seria quase impossível demovê-los. Mais provável é que julguem como mentira um estudo publicado pela prestigiada revista The Lancet mostrando que vacinas contra 14 tipos de doenças salvaram 154 milhões de pessoas no mundo nos últimos 50 anos. Para os já contaminados pela desinformação, a verdade não passa de uma fake news. O desafio é maior do que reconhecer o problema. Ele já existe, e as autoridades de Saúde são quem mais sabem disso.
Como ainda não há vacina para o problema, a epidemia não para de avançar e pode custar vidas, principalmente as de quem é protegido pela Constituição para ter acesso gratuito aos imunizantes via SUS. Essas pessoas, a maioria incapaz de arcar com os custos da vacinação no setor privado, renunciam aodireito à Saúde não por má-fé ou displicência, mas pela inércia de governantes e do Judiciário que continuam a dar de ombros para a catástrofe social da desinformação.
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