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Padre Cícero indutor do catolicismo no Cariri
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Âncora e coordenador de Jornalismo da rádio O POVO CBN Cariri Já foi repórter da rádio O POVO CBN Cariri, em Juazeiro do Norte, e da rádio O POVO CBN, em Fortaleza. Atuou também no jornal O POVO, nas editorias de Cidades e Política. Atualmente, também é colaborador da editoria de Veículos do portal O POVO. Formado na Universidade Federal do Cariri (UFCA)

Padre Cícero indutor do catolicismo no Cariri

A fé popular que congrega multidões em adoração ao Padre Cícero é uma semente de multiplicação do catolicismo em constante germinação que atravessa gerações. A adoração ao sacerdote não tem idade e nem distância
MULTIDÃO de romeiros e fiéis se reuniu em Juazeiro do Norte, para missa que marca os 90 anos da morte de Padre Cícero
 (Foto: fotos: VANDSON DOMINGOS ESPECIAL PARA O POVO)
Foto: fotos: VANDSON DOMINGOS ESPECIAL PARA O POVO MULTIDÃO de romeiros e fiéis se reuniu em Juazeiro do Norte, para missa que marca os 90 anos da morte de Padre Cícero

Nada é tão forte na religiosidade do Cariri quanto a influência de Padre Cícero agora comprovada em dados demográficos. O Censo de Religiões do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feito em 2022, mostra que o Crato, terra natal do Padim, nascido em 1844, é a cidade brasileira mais católica do Brasil no grupo dos municípios com população acima de 100 mil habitantes. A segunda é Juazeiro do Norte, fundada pelo sacerdote e transformada pelos seus devotos num dos maiores centros de turismo religioso do Brasil.

Na cidade onde Padre Cícero nasceu, com 112,9 mil habitantes, cerca de 91,8 mil pessoas são seguidoras do catolicismo, o equivalente a 81,29% da população. E na metrópole por ele criada, quase 200 mil são católicos, correspondente a 81,14% do total de habitantes (245,6 mil). Em Crato e Juazeiro, a adesão à religião pregada pelo Padim é maior do que a proporção no Ceará (70,4%), no Nordeste (63,9%) e no Brasil (56,7%).

Ainda que tenha sido suspenso de suas funções sacerdotais pelo Vaticano antes de morrer, Padre Cícero exerceu papel de âncora da religião católica no Nordeste. A sua liderança espiritual, especialmente entre os mais pobres e marginalizados, o fez ser venerado como santo popular por uma legião de fiéis católicos. Essa devoção leva anualmente cerca de 2 milhões de devotos a Juazeiro do Norte para romarias e visitas turísticas aos templos católicos entrelaçados com a trajetória do Padim.

A fé popular que congrega multidões em adoração ao Padre Cícero é uma semente de multiplicação do catolicismo em constante germinação que atravessa gerações. A adoração ao sacerdote não tem idade e nem distância. Os romeiros vêm de toda parte e exaltam o longo caminho até o Cariri como uma justa peregrinação por quem eles acreditam ser o autor de milagres alcançados.

E a tendência é que a influência religiosa do fundador de Juazeiro cresça ainda mais diante da possibilidade de que o Vaticano o reconheça como beato. O processo marca uma nova fase na relação de Padre Cícero com a Igreja Católica, mais de um século após a suspensão sacerdotal aplicada a ele em 1894.

Coube ao Papa Francisco, em 2015, a assinatura da carta de reconciliação do Vaticano com o santo popular do Cariri. O pontífice, cujo papado ficou marcado pelo acolhimento aos vulneráveis e grupos discriminados, abriu as portas da Igreja para o sacerdote que vivo ou morto nunca deixou de ser reconhecido por uma legião de devotos como líder religioso, padre e até santo. O legado, não por coincidência, explica a força da religião católica onde ele nasceu (Crato) e morreu (Juazeiro do Norte). Em casa, Padre Cícero é o grande indutor do catolicismo.

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