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O poder de um telefonema
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Âncora e coordenador de Jornalismo da rádio O POVO CBN Cariri Já foi repórter da rádio O POVO CBN Cariri, em Juazeiro do Norte, e da rádio O POVO CBN, em Fortaleza. Atuou também no jornal O POVO, nas editorias de Cidades e Política. Atualmente, também é colaborador da editoria de Veículos do portal O POVO. Formado na Universidade Federal do Cariri (UFCA)

O poder de um telefonema

.Quando a hostilidade institucional corrói a diplomacia, há dois caminhos possíveis: o entendimento ou a guerra. Na ausência de interlocução, o conflito é caminho natural. Com civilidade, o diálogo prevalece
Trump e Lula voltaram a trocar falas ásperas sobre a relações entre os países  (Foto: AFP e Ricardo Stuckert / PR)
Foto: AFP e Ricardo Stuckert / PR Trump e Lula voltaram a trocar falas ásperas sobre a relações entre os países

O ativo da diplomacia é a cordialidade. Sem esta, as relações institucionais naufragam no fracasso. Vide a escalada de tensão entre Brasil e Estados Unidos marcada por narrativas truculentas e diálogo interditado. Dois chefes de Estado levados ao desatino num contexto de descortesia recíproca.

A relação hostil de líderes políticos não é novidade. Turbulências podem ocorrer em quaisquer instâncias –da diplomacia internacional ao ecossistema de poder municipal. O ponto em comum, no entanto, são as consequências decorrentes de tais embates. O prejuízo, via de regra, é coletivo.

Se Trump ou Lula estão indispostos para o diálogo, são as Nações americana e brasileira que pagam a conta, em maior ou menor grau. Por óbvio, pois os dois mandatários lideram países dos mais importantes no mundo. A posição que ambos ocupam requer, sobretudo, grandeza. Não pelo que são, mas pelo que representam.

Quando a hostilidade institucional corrói a diplomacia, há dois caminhos possíveis: o entendimento ou a guerra. Na ausência de interlocução, o conflito é caminho natural. Com civilidade, o diálogo prevalece. A conversa é a base, mas por ora não há indicativo de diálogo.

Talvez os dois presidentes tenham de buscar inspiração no exemplo cearense, pois aos líderes mundiais falta a cordialidade que reaproximou o governador Elmano de Freitas do prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos). Eles continuam militando em campos ideológicos opostos, é bem verdade, mas decidiram pôr fim ao ambiente beligerante que impedia parcerias institucionais entre Prefeitura e Governo do Estado.

Um simples telefonema abriu caminhos para o restabelecimento do diálogo institucional, conforme revelou o prefeito em entrevista à rádio O POVO CBN. Na conversa, Glêdson e Elmano empunharam a bandeira da diplomacia. Havia queixas de parte a parte relacionadas ao histórico conflituoso entre ambos, mas predominou a compreensão de que as demandas coletivas estão acima de qualquer diferença partidária ou ideológica.

Quando isso ocorre, o resultado, na prática, é o inverso daquilo a que assistimos hoje na relação do Brasil com os Estados Unidos. Há ganhos de repercussão geral e interesse amplo. Um exemplo: a liberação da verba de R$ 3,5 milhões pelo Governo para a retomada das obras da reforma do Memorial Padre Cícero, paralisadas há três anos em meio a um impasse entre Prefeitura e Estado.

O episódio no Ceará confirma o poder de um telefonema na democracia representativa. O interesse coletivo é soberano, não comporta vaidade e muito menos arroubos autoritários. Sem gesto, não há conversa. E na falta de interlocução, resta o bloqueio diplomático.

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