Âncora e coordenador de Jornalismo da rádio O POVO CBN Cariri Já foi repórter da rádio O POVO CBN Cariri, em Juazeiro do Norte, e da rádio O POVO CBN, em Fortaleza. Atuou também no jornal O POVO, nas editorias de Cidades e Política. Atualmente, também é colaborador da editoria de Veículos do portal O POVO. Formado na Universidade Federal do Cariri (UFCA)
O Cariri é importante centro de turismo religioso, científico, de negócios e âncora do desenvolvimento econômico no Interior do Ceará. O enfraquecimento da malha aérea na ligação com a Capital golpeia o progresso da região
Foto: FCO FONTENELE
Fortaleza, CE, BR 23.06.25 Início do voo Juazeiro do Norte – Fortaleza – Juazeiro, operado pela Latam. (Fco Fontenele/O POVO)
A malha aérea do Cariri enfrenta mais uma baixa. O voo da Latam que liga Juazeiro do Norte a Fortaleza – o único em atividade atualmente– teve a frequência reduzida para quatro dias na semana. Antes, era diário.
A companhia já havia anunciado planos de reduzir a oferta após a alta estação, encerrada em agosto. Mas havia expectativa de que as viagens diárias fossem mantidas diante da aparente alta ocupação. A própria Latam celebrou os 95% de passagens vendidas no voo inaugural, em 23 de junho. Cabia à empresa uma exposição pública dos motivos que a levaram a descontinuar o itinerário diário.
Embora estejamos falando de uma decisão de mercado –e aqui não se discute a autonomia da área para decidir o que lhe for conveniente–, há que se considerar o montante de R$ 4,8 milhões que a Latam embolsa do Governo do Ceará para voar da Capital ao Cariri. A quantia é transferida dos cofres públicos do Estado diretamente ao caixa da empresa a título de subvenção.
Foi a alternativa encontrada pelo governador Elmano de Freitas (PT) para convencer a companhia a assumir a rota abandonada em março pela Azul, que deixou no ar dúvidas e questionamentos sobre os motivos para a descontinuidade.
Demanda não é problema. A procura por voos no trecho é estável, ainda que o consumidor fique refém de tarifas desproporcionais – para não dizer absurdas – em relação aos preços praticados no mercado. É absolutamente contraditório pagar mais para voar do Cariri a Fortaleza do que ao Exterior. Nos tempos de Azul, os bilhetes chegavam a custar até R$ 6 mil no trecho regional. Nem a mão invisível de Adam Smith explica.
Com a Latam, o cenário mudou. E o avião também. Saiu de cena o ATR-72, com capacidade para 72 passageiros, e entrou na rota o A320, que comporta mais de 160 ocupantes. Os voos voltaram a ser diurnos. O preço das passagens reduziu consideravelmente, chegando a R$ 400 o trecho.
Parecia o melhor dos mundos, mas o fim da frequência diária liga um novo sinal de alerta. A preocupação é maior devido à falta de concorrência, contexto que justifica a transferência milionária de recursos públicos para uma companhia privada. Na equação do mercado, a lógica de sobrevivência é o saldo no azul. Se há risco de perdas, o voo não decola –a menos que o Poder Público assuma papel de fiador. Nesse caso, paga a conta quem voa e quem nunca pisou num aeroporto –o contribuinte.
O segundo aeroporto mais movimentado do Ceará, e terceiro do interior nordestino, não pode esfriar as turbinas. O Cariri é um importante centro de turismo religioso, científico, de negócios e âncora do desenvolvimento econômico no Interior do Ceará. O enfraquecimento da malha aérea na ligação com a Capital do Estado golpeia o progresso da região. Repensar o futuro da aviação regional é tarefa das mais urgentes para que o futuro não se transforme em voo de galinha.
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