Âncora e coordenador de Jornalismo da rádio O POVO CBN Cariri Já foi repórter da rádio O POVO CBN Cariri, em Juazeiro do Norte, e da rádio O POVO CBN, em Fortaleza. Atuou também no jornal O POVO, nas editorias de Cidades e Política. Atualmente, também é colaborador da editoria de Veículos do portal O POVO. Formado na Universidade Federal do Cariri (UFCA)
Foram 13 empreendimentos fiscalizados nos municípios de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha –as três maiores cidades do Cariri. Nenhum incólume. Todos abastecidos pela ganância de faturar mais no lombo da clientela
Foto: Samuel Setubal
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 01-02-2024: Postos de Gasolina com ICMS que passa a incidir no preço da gasolina, assim, os valores dos combustíveis devem aumentar.. (Foto: Samuel Setubal)
Não é nupérrima a desconfiança dos consumidores sobre a procedência do combustível que sai nas bombas dos postos do Cariri. Há quem desvie o caminho de estabelecimentos com histórico aleivoso. Agora, mais do que antes, a suspeita encontra fundamento.
Uma fiscalização conjunta da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) com o Procon Ceará na segunda quinzena de outubro escancarou indecência com os clientes da região. Os técnicos identificaram irregularidades em todos os postos visitados, desde pendências documentais a falcatruas em bombas medidoras.
Foram 13 empreendimentos fiscalizados nos municípios de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha –as três maiores cidades do Cariri. Nenhum incólume. Todos abastecidos pela ganância de faturar mais no lombo da clientela. Em alguns dos estabelecimentos, a bomba marcava 900 ml de combustível para cada 1.000 ml pagos. Praticamente um furto, na descrição mais próxima do crime tipificado no Código Penal.
O consumidor virou refém. E tá difícil fugir. No quarteirão seguinte, há chances de encontrar outro criminoso disposto a queimar o dinheiro suado de inocentes.
A alta incidência de infrações indica que o problema é maior do que se pode imaginar. Se mais postos fossem visitados, possivelmente o cenário seria o mesmo. As empresas foram pegas de surpresa. Estavam na zona de conforto em que a preocupação com a adequação às normas de regulação era perto de zero.
E se as fiscalizações são esporádicas em vez de frequentes, a margem para fraudes aumenta. Quem ignora os órgãos de controle do setor não está preocupado com as consequências de enganar os clientes. Há uma certeza de impunidade. O foco é lucro.
A venda de etanol com procedência duvidosa e de óleos lubrificantes cujas fabricantes sequer existem também foi flagrada pela vistoria. E o que foi feito diante de tais constatações? De concreto, muito pouco. Todas as empresas continuam de portas abertas e funcionando normalmente. E o pior, não sabemos quais.
A lista dos postos que achacam o consumidor é guardada a sete chaves sob o argumento de que os infratores têm direito ao sigilo enquanto se defendem administrativamente das acusações. Já o direito do consumidor em saber qual posto de combustível viola as normas do setor, esse parece não existir. Pelo menos, por ora.
Sem transparência, o refém continua nas mãos do sequestrador. É dinheiro que queima feito gasolina em fogueira. A bomba não pode ficar no colo do consumidor. Cabe ao Estado protegê-lo e punir rigorosamente os criminosos. A insegurança nas ruas já está demais para o cidadão também ser “roubado” em posto de combustível.
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