
Lúcio Brasileiro é memória viva da sociedade fortalezense. Mantém coluna diária no O POVO e programa na Rádio O POVO CBN. É apontado como o jornalista diário mais antigo do mundo.
Lúcio Brasileiro é memória viva da sociedade fortalezense. Mantém coluna diária no O POVO e programa na Rádio O POVO CBN. É apontado como o jornalista diário mais antigo do mundo.
Peço vênia para compor coluna de hoje, até onde este espaço permitir, com apresentação, por Cristovam Buarque, professor emérito da Universidade de Brasília, do livro O Romance da Nova Lusitânia, de autoria do meu irmão civil Hélio Barros:
O professor Hélio Barros deu grande contribuição ao Brasil por ser um dos pioneiros na promoção das Olimpíadas do Conhecimento, que funcionam como estímulo ao estudo e à autoestima de centenas de milhares de estudantes. Agora, o escritor Hélio Barros nos oferece um instigante romance que revela um aspecto pouco conhecido da nossa história colonial: a relação entre a metrópole lusitana e a vida no sertão nordestino.
O livro O Romance da Nova Lusitânia começa com um longo diálogo entre amigos, provavelmente em 1777, em uma cidade ao norte de Portugal. Ao longo do diálogo, um dos amigos conta o que viu durante os anos que viveu na colônia, provocando os companheiros quanto às dificuldades nas relações com a metrópole. Para eles, metrópole e colônia estavam unidas pelo rei e por Cristo, mas havia uma dúvida permanente sobre o que viria a acontecer e o que seria melhor para a relação entre Portugal e aquela terra imensa, estranha, habitada por indígenas, africanos e até por europeus cada vez menos portugueses: os brasilianos.
Uma Nova Lusitânia teria surgido por inspiração de Cristo aos cruzados, percebe-se pessimismo quanto à capacidade de Portugal manter o controle de um território tão grande, distante, isolado e habitado por brejeiros racialmente misturados entre brancos, negros, índios em constante concubinato. Esse pessimismo é resumido por um dos participantes do diálogo ao lembrar que Portugal era um país pequeno, incapaz, segundo ele, de alimentar a própria população de forma autônoma, por depender economicamente de outras praças.
Hélio demonstra esse domínio com maestria: o conhecimento histórico e a habilidade narrativa para dar vida às mentalidades do século 18. Também se destaca ao imaginar e descrever o despertar de um menino de 14 anos que, escondido na casa de seu pai anfitrião do encontro de amigos, ao escutar o debate dos adultos sobre a Nova Lusitânia, adquire o desejo de viver a aventura da emigração. Barros preenche lacuna na literatura brasileira ao criar um enredo onde os detalhes da vida no sertão pernambucano compõem um fascinante de rotinas laborais e domésticas, dúvidas, esperanças, ousadias e coragem em uma região remota.
Além do deslumbramento literário e do conhecimento histórico adquirido, ao ler O Romance da Nova Lusitânia, o leitor tem a sensação de que, apesar das radicais mudanças ocorridas, ainda persiste o descaso com a educação da população. Felizmente, o escritor é um educacionista e, ao lado do belo romance, nos trouxe as Olimpíadas do Conhecimento.
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