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Prefácio dá manchete
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Lúcio Brasileiro é memória viva da sociedade fortalezense. Mantém coluna diária no O POVO e programa na Rádio O POVO CBN. É apontado como o jornalista diário mais antigo do mundo.

Lúcio Brasileiro comportamento

Prefácio dá manchete

De Cristovam Buarque prefaciando livro de Hélio Barros
EX-SENADOR e professor Cristóvam Buarque (Foto: BEATRIZ BOBLITZ 20/6/24)
Foto: BEATRIZ BOBLITZ 20/6/24 EX-SENADOR e professor Cristóvam Buarque

Peço vênia para compor coluna de hoje, até onde este espaço permitir, com apresentação, por Cristovam Buarque, professor emérito da Universidade de Brasília, do livro O Romance da Nova Lusitânia, de autoria do meu irmão civil Hélio Barros:

O professor Hélio Barros deu grande contribuição ao Brasil por ser um dos pioneiros na promoção das Olimpíadas do Conhecimento, que funcionam como estímulo ao estudo e à autoestima de centenas de milhares de estudantes. Agora, o escritor Hélio Barros nos oferece um instigante romance que revela um aspecto pouco conhecido da nossa história colonial: a relação entre a metrópole lusitana e a vida no sertão nordestino.

O livro O Romance da Nova Lusitânia começa com um longo diálogo entre amigos, provavelmente em 1777, em uma cidade ao norte de Portugal. Ao longo do diálogo, um dos amigos conta o que viu durante os anos que viveu na colônia, provocando os companheiros quanto às dificuldades nas relações com a metrópole. Para eles, metrópole e colônia estavam unidas pelo rei e por Cristo, mas havia uma dúvida permanente sobre o que viria a acontecer e o que seria melhor para a relação entre Portugal e aquela terra imensa, estranha, habitada por indígenas, africanos e até por europeus cada vez menos portugueses: os brasilianos.

Uma Nova Lusitânia teria surgido por inspiração de Cristo aos cruzados, percebe-se pessimismo quanto à capacidade de Portugal manter o controle de um território tão grande, distante, isolado e habitado por brejeiros racialmente misturados entre brancos, negros, índios em constante concubinato. Esse pessimismo é resumido por um dos participantes do diálogo ao lembrar que Portugal era um país pequeno, incapaz, segundo ele, de alimentar a própria população de forma autônoma, por depender economicamente de outras praças.

Hélio demonstra esse domínio com maestria: o conhecimento histórico e a habilidade narrativa para dar vida às mentalidades do século 18. Também se destaca ao imaginar e descrever o despertar de um menino de 14 anos que, escondido na casa de seu pai anfitrião do encontro de amigos, ao escutar o debate dos adultos sobre a Nova Lusitânia, adquire o desejo de viver a aventura da emigração. Barros preenche lacuna na literatura brasileira ao criar um enredo onde os detalhes da vida no sertão pernambucano compõem um fascinante de rotinas laborais e domésticas, dúvidas, esperanças, ousadias e coragem em uma região remota.

Além do deslumbramento literário e do conhecimento histórico adquirido, ao ler O Romance da Nova Lusitânia, o leitor tem a sensação de que, apesar das radicais mudanças ocorridas, ainda persiste o descaso com a educação da população. Felizmente, o escritor é um educacionista e, ao lado do belo romance, nos trouxe as Olimpíadas do Conhecimento.

 

Foto do Lúcio Brasileiro

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