Lúcio Brasileiro é memória viva da sociedade fortalezense. Mantém coluna diária no O POVO e programa na Rádio O POVO CBN. É apontado como o jornalista diário mais antigo do mundo.
Lúcio Brasileiro é memória viva da sociedade fortalezense. Mantém coluna diária no O POVO e programa na Rádio O POVO CBN. É apontado como o jornalista diário mais antigo do mundo.
.
Terezinha Alves Pinto partiu, uma das mulheres mais interessantes da Aurora.
Foi minha última anfitriã na terra natal, dando-me sempre o quarto de frente para a rua principal.
A propósito, Nicinha Pinheiro, sua colega nas Doroteias, me contou episódio deveras sugerente.
Namorada do Edmilson Pinheiro, que estudava Medicina no Recife, recebia, segundo ela, esfuziantes cartas de amor.
Sentindo-se fraca para responder, ela pedia à colega que o fizesse por ela.
E assim, saíam primorosas missivas, porém, numa Quarta-feira Santa, Edmilson bateu na porta do colégio.
E disse para a irmã que o recebeu: Gostaria de ver minha noiva, Adelenice.
A diretora ajuntou: Pois não, ela está ali no recreio, e foi até Nicinha.
Temendo que a conversa não correspondesse à beleza das cartas, Nicinha apelou: Irmã, diga que fui ontem pra Quixadá.
Quando a freira se desculpou com Edmilson, ele fechou a questão: Diga a ela que sei perfeitamente que as cartas não são dela.
Eu passava uns dias em Punta Del Leste, a convite do Departamento de Turismo do Uruguai.
Já pra voltar ao Brasil, me levaram a visitar o pintor argentino Carlos Páez Vilaró, cujo filho morrera naquele acidente com avião que caíra na geleira dos Andes.
Quando me despedia, e ouviu eu dizer que pretendia entrevistar o Obdulio Varela, o jogador que tirara a Copa de 50 da boca do Brasil, ele assinou um prato e me passou, dizendo: Entregue ao último grande capitão.
Chegamos à casa de Obdulio, modesta, para o que ele representara, e eu fiquei no táxi, enquanto o rapaz e a moça que me acompanhavam lutavam para conseguir que ele me recebesse.
Porém, Obdulio detestava jornalista, e só fazia balançar com a cabeça, aí me lembrei do prato, e ao me aproximar da porta, fui logo dizendo: O pintor Vilaró lhe mandou.
O grande Vilaró pensou em mim? E então abriu a porta para que eu entrasse e realizasse uma das três maiores entrevistas da minha vida.
Em 1964, minha querida irmã Neíse me acordou no Iracema Plaza com melancólica informação: O Frota Neto foi preso e se encontra no quartel próximo ao Estádio Presidente Vargas.
Me dirigi imediatamente, pois se tratava de irmão civil, e fui logo recebido pelo general André Fernandes.
Disse a ele que tinha um colega detido pelos militares, sob acusação de subversão, coisa que absolutamente não era.
Me perguntou: O que o leva a pensar que ele não é comunista? Ora, porque é meu amigo.
O general se divertiu com a explicação, e mandou soltar na mesma hora.
Sociedade cearense. Curiosidades. História. Memória. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.