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Magela Lima: Pedro Guimarães sai, Bolsonaro fica
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Magela Lima é jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro, doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia

Magela Lima opinião

Magela Lima: Pedro Guimarães sai, Bolsonaro fica

Tipo Opinião
Magela Lima, jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Magela Lima, jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro

Denunciado por assédio sexual contra funcionárias do banco, Pedro Guimarães deixou, a pedido, a presidência da Caixa Econômica Federal, no último dia 29. Para o seu lugar, foi indicada a ex-secretária de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, Daniella Marques. Os dois, há que se registrar, são figuras de grande destaque e influência na equipe do presidente Jair Bolsonaro desde o início da gestão. Com isso, do ponto de vista operacional, a troca não passa de um bom e velho seis por meia dúzia.

Apesar da crise, a Caixa Econômica seguirá os mesmos programas, tocando os mesmos projetos, e lidando com "mercado" exatamente como vinha fazendo antes de o escândalo estourar. Esse, talvez, seja o maior dos problemas. O banco, desde 2019, vinha sendo tocado por um sujeito equivocado, para dizer o mínimo, podendo chegar a criminoso, caso se comprovem todas as acusações que lhe são imputadas, e, mesmo assim, reinava uma aparente "normalidade".

Pedro Guimarães, em reuniões com colaboradores, gritava coisas do tipo: "Caguei para a opinião de vocês porque eu que mando. Não estou perguntando. Isso aqui não é uma democracia, é a minha decisão". Não fosse a coragem das mulheres que procuraram o Ministério Público Federal do Distrito Federal para denunciá-lo, a conduta de Guimarães, abarrotada de assédios das mais diversas ordens, estaria resguardada e conduzido a rotina de uma das principais instituições públicas do país.

Eis a entranha do Governo Bolsonaro. É tudo tão ruim, e sempre pode piorar. Os discursos e as práticas de violência contra as mulheres que o presidente já manifestava de forma efusiva como deputado espalham-se agora por diferentes setores da administração. Pedro Guimarães, inclusive, afastou-se do cargo por decisão própria, se colando num lugar de vítima. As denúncias seriam, pois, fruto do jogo político.

Não bastasse o fato de Guimarães não ter sido formalmente demitido, a mudança no comando da Caixa foi marcada por um silêncio profundo, indiferença mesmo, do presidente da República. Nenhuma funcionária do banco recebeu uma mão estendida do Governo. Pior: passam a ser chefiadas por uma mulher, que, para fazer jus à ascensão na equipe presidencial, tratará o caso, apesar de grave, como se assim não o fosse. É tudo tão ruim, e sempre pode piorar. n

 

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