Magela Lima é jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro, doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia
Magela Lima é jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro, doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia
A história do jornalismo cultural na imprensa cearense é, a depender de quem vá contá-la, tão longeva ou breve o quanto se desejar. Lá nas folhas do século XIX, numa fase em que as tipografias tinham projeção maior que as redações, uma intelectualidade letrada e destemida já fazia circular ideias. Virado o século, os jornais vão ganhar a periodicidade e a configuração que resiste ainda hoje. Ficando apenas no universo do jornalismo de papel, a cultura sempre foi pauta regular. Nunca faltou espaço à cultura nas páginas. O tempo, porém, trouxe a necessidade de especialização e mais visibilidade a essa cobertura.
É, assim, que no início da década de 1970, vai surgir o emblemático Balaio, publicado pela extinta Gazeta de Notícia. Editado pelo atrevido e apaixonado Gilmar de Carvalho, o suplemento, eu nunca me canso de repetir, é o pai e a mãe de todo e qualquer esforço de jornalismo cultural que experimentamos por aqui desde então. O Vida & Arte, que acaba de completar 35 anos de publicação no O POVO, é um dos herdeiros diretos daquela experiência, na medida em que, ao sabor do tempo e das pressões, afirma e se compromete diariamente com a agenda da cultura, de seus atores e públicos.
Por três anos, eu morei na Aguanambi, 282 e vi de perto a louca delícia que é botar o Vida&Arte no mundo. Ao longo dos anos, o caderno teve momentos mais carrancudos, outros mais pop, já foi mais preso às artes clássicas, já preferiu o calor do povo e das ruas, já confundiu especialização com rigor acadêmico e também deixou correr vozes em busca de autoridade. Foi muitos, mas sempre atento e curioso ao que pulsa, em particular em Fortaleza. O Vida&Arte foi e é um ponto de luz na dinâmica cultural da cidade.
A criatividade que Fortaleza esbanjou ou viu minguar, nas suas mais diversas formas, é o que mantém a rotina e o vigor do suplemento. É muito recorrente, sobretudo de quem não lê jornal, a acusação de que o jornal perdeu importância. Tal argumento, porém, se esfarela no exato momento em que os jornais rendem a seus autores uma crítica mais severa ou um elogio mais colorido. O jornalismo, especialmente o de papel, com todas as mudanças que incorporou, ainda é algo que fica, que resiste. É isso que desejo ao meu querido Vida&Arte. Resista, meu amigo, você é muito importante para nós.
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