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Sobre o voto para vereador que vem aí
Magela Lima

Sobre o voto para vereador que vem aí

Esse tipo de projeto, irrelevante e barulhento, disputa espaço nas sessões com temas que mobilizam a vida do cidadão e da cidade de modo muito mais efetivo. Mais do que ocupar-se com honrarias e repreensões em assuntos sobre os quais têm zero ingerência, a Câmara de Vereadores tem uma Fortaleza inteira de problemas para tentar resolver
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Nas eleições de 6 de outubro, o voto mais importante, dessa vez, nem vai ser para prefeito, mas, sim, para vereador. Pelo menos em Fortaleza, o eleitor precisa ter muito clara essa realidade. A nossa Câmara Municipal tem feito movimentos muito agressivos à (extrema) direita, o que pode definir os rumos da próxima administração, bem mais do que já tem definido a atual, seja lá quem for o candidato vitorioso nas urnas. Caso se forme uma composição ainda mais conservadora para o nosso Legislativo, os próximos quatro anos podem trazer surpresas nada agradáveis. Melhor não arriscar.

Até aqui, o prefeito Sarto Nogueira tem demonstrado bom jogo de cintura. Mesmo no sufoco, aprova o que quer, vide taxa do lixo, mas não se envolve publicamente nas histrionices dos parlamentares. Em dezembro, por exemplo, foi aprovado, por ampla maioria, o título de cidadão de Fortaleza para o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, numa proposição do vereador Julierme Sena. Agora, no último dia 21, a Câmara Municipal, provocada pela vereadora Priscila Costa, confirmou moção de repúdio contra a fala do presidente Lula, que comparou os conflitos e a crise humanitária na Faixa de Gaza com o Holocausto.

Esse tipo de projeto, irrelevante e barulhento, disputa espaço nas sessões com temas que mobilizam a vida do cidadão e da cidade de modo muito mais efetivo. Mais do que ocupar-se com honrarias e repreensões em assuntos sobre os quais têm zero ingerência, a Câmara de Vereadores tem uma Fortaleza inteira de problemas para tentar resolver, além, evidentemente, de fiscalizar as ações do Executivo. O lugar da ação parlamentar é a discussão daquilo que impacta nossa realidade mais objetiva e funcional, como a discussão que aprovou o passe livre estudantil em novembro passado.

Um Palácio do Bispo, menos interessado pela dinâmica cotidiana da capital, somado a um Legislativo mais conservador e polemista podem fazer Fortaleza andar para trás. Esse risco é real. A cidade, definitivamente, não para, e não pode esperar por debates acalorados que, na prática, só rendem alguma coisa no universo paralelo das redes sociais.

A Câmara Municipal precisa de vereadores com vivência e interesse pelo dia a dia de Fortaleza. Perdemos todos e muito, quando o debate público volta seus esforços para onde não deve.

 

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Magela Lima

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