
Magela Lima é jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro (Uni7), doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Magela Lima é jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro (Uni7), doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)
É para ser só uma festa. Só, não no sentido de escassez, mas, sim, de foco. Acaba sendo bem mais. É sempre uma surpresa feliz a sofisticação e a potência do mundo inventado a partir do que se costuma ter por "festejos juninos". É uma tradição tão arcaica quanto contemporânea, absolutamente complexa e cinestésica, mas de apreensão simples, fluida, quase espontânea. É impossível ficar indiferente ao tempo do São João, com as devidas vênias a Santo Antônio e São Pedro, sobretudo, nesse naco de chão batizado de Nordeste brasileiro.
Nesse emaranhado de símbolos eleitos para nos definir, para dizer do que somos feitos e de onde viemos, as festas juninas parecem ter fincado o pé, muito embora o lastro católico, entre nós, brasileiros, tenha um perder de vistas. Fato é, entretanto, que ser nordestino é, também, dançar forró (ou, pelo menos, tentar), encher os olhos com o colorido da chita e a boca d'água com tudo quanto é bolo e doce de milho. Se há algum desacordo em afirmar que aqui, no Nordeste, pulsa o coração do carnaval brasileiro, o mesmo não vale para o período junino.
Dados do Ministério do Turismo estimam a participação de um público de mais de 24 milhões de pessoas nos festejos juninos de todo o País em 2025. superando a marca de 21,6 milhões registrada no ano passado. As festas de Caruaru, em Pernambuco, e de Campina Grande, na Paraíba, sustentam a vitalidade dessa tradição, sendo responsáveis por atrair cerca de sete milhões de pessoas e movimentar mais de R$ 1,4 bilhão. No Ceará, o destaque fica por conta de Maracanaú, com números impressionantes em seus 20 anos de história. Em 2024, o evento teria reunido um público de mais de 2,5 milhões de pessoas.
Pesquisa recente do Instituto Locomotiva, realizada em parceria com a QuestionPro, confirma o impacto do São João na economia. De acordo com o levantamento, oito em cada dez brasileiros dizem que pretendem participar de alguma atividade junina em 2025; quatro em cada dez, inclusive, com pretensão de gastar mais de R$ 200 durante o período. Estudo inédito da Serasa, realizado pelo Instituto Opinion Box, aponta cenário semelhante. Segundo os dados, 65% dos entrevistados dizem participar dos festejos juninos, sendo que 14% optam por programações fora das cidades onde residem, gastando, em média, R$ 300.
São João é invenção, é alegria, é dinheiro no bolso, mas, sobretudo, é uma escola. O São João ensina a ser feliz sem muita exigência, ensina que viver é estar no mundo e estar com o outro nesse mundo. Não se brinca São João sozinho. Por isso, é tão bom. A grande força dos festejos juninos está na sua natureza comunitária, que se mantém, mesmo com todas as inovações que agregou ao longo dos anos. Viva!
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