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A quase vinda do Grupo Corpo a Fortaleza
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Magela Lima é jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro (Uni7), doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Magela Lima opinião

A quase vinda do Grupo Corpo a Fortaleza

Palcos públicos e até particulares foram sondados. Tudo em vão. Inacreditavelmente, não houve disponibilidade de pauta nos teatros da cidade com capacidade para receber o elenco de 22 bailarinos e toda a demanda técnica das produções
Tipo Opinião
Cena da Peça de teatro Dr. Qorpo do grupo Imagens
(Foto: Marcello Holanda / Divulgação) (Foto: Marcello Holanda )
Foto: Marcello Holanda Cena da Peça de teatro Dr. Qorpo do grupo Imagens (Foto: Marcello Holanda / Divulgação)

Definitivamente, o mundo mudou. A régua para medir a importância e a desimportância das coisas já não é a mesma. Triste. Fosse em outros tempos, o cancelamento da turnê comemorativa dos 50 anos de atividade do Grupo Corpo cairia, lembrando o saudoso Alan Neto, como uma "bomba de mil megatons" na vida cultural de Fortaleza. A informação, entretanto, dada pela própria companhia mineira em 25 de agosto último, nas suas redes sociais, praticamente passou batida. Muito triste.

Três dias depois, apenas, o Theatro José de Alencar, onde os espetáculos "Parabelo" e "Piracema" seriam apresentados, veio a público tentar explicar o ocorrido. Resumindo: por conta das obras de manutenção, absolutamente necessárias, planejadas para o período de agosto a outubro, o equipamento precisou suspender parte das atividades, incluindo a temporada do Grupo Corpo, reservada, desde fevereiro, para 3 e 4 de outubro. A negativa foi formalmente comunicada em 10 de julho e, ao que consta, a partir de então, esforços os mais variados foram feitos para evitar o pior.

Palcos públicos e até particulares foram sondados. Tudo em vão. Inacreditavelmente, não houve disponibilidade de pauta nos teatros da cidade com capacidade para receber o elenco de 22 bailarinos e toda a demanda técnica das produções. O Cineteatro São Luiz nem cogitou mudar as datas acertadas com a Edisca para a retomada de "Koi Guera", montagem de 1997, que volta à cena entre 2 e 5 de outubro. Já o Teatro do Shopping Via Sul sugeriu que o Grupo Corpo antecipasse as sessões de sexta e sábado para segunda e terça.

A questão é que as apresentações de Fortaleza estavam casadas com a de Mossoró. Em outra rota, Natal, João Pessoa e Recife seguem confirmadas. "Piracema", parceria de Rodrigo Pederneiras e Cassi Abranches, estreou em São Paulo, em 13 de agosto, e em seguida fez sua primeira temporada em casa, sempre combinado com o lindo "Parabelo", de 1997. Agora em setembro, faz Porto Alegre e Rio de Janeiro. Depois, Florianópolis. Só esse ano, o Corpo cumpriu agendas longas na França e nos EUA. Para 2026, já estão confirmados Alemanha e outra vez EUA.

É um absurdo, pois, que a possibilidade de o grupo se apresentar aqui tenha se perdido nessas condições. Um verdadeiro gol contra, diria o velho Alan. A última passagem do Corpo por Fortaleza foi em 2003. Diante de uma oportunidade dessas, era qualquer coisa, menos o cancelamento. Manter a data, no caso do José de Alencar, seria, inclusive, uma forma para pressionar e assegurar a agilidade nas intervenções. Às demais salas, faltou sensibilidade para compreender a delicadeza do momento. Apesar do compromisso de manter o Ceará na festa dos 50 anos, o futuro é futuro e, como tal, incerto.

 

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