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Ê, futebol nordestino, o que comemorar?
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Mailson Furtado é escritor, dentre outras obras, de À Cidade (livro vencedor do Prêmio Jabuti 2018 – categorias Poesia e livro do Ano). Em Varjota-CE, fundou a CIA teatral Criando Arte, em 2006, onde realiza atividades de ator, diretor e dramaturgo, e é produtor cultural da Casa de Arte CriAr. Mailson escreve, quinzenalmente, crônicas sobre futebol e outros temas

Ê, futebol nordestino, o que comemorar?

Pela primeira vez na história dos pontos corridos, cinco times do Nordeste disputam a Série A. Mas os resultados estão bem aquém do que se desenhava
Fortaleza e Ceará farão um Clássico-Rei na Série A no próximo dia 13 (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Fortaleza e Ceará farão um Clássico-Rei na Série A no próximo dia 13

E lá se vão sete meses desde aquele último fim de semana de novembro de 2024, marcado de euforia e otimismo para o que seria 2025 — "o maior ano" da história do futebol do Nordeste —, já que Sport e Ceará voltavam à Série A, juntando-se a Fortaleza, Bahia e Vitória, firmando, pela primeira vez, a presença de cinco times da Região na história do Brasileirão de pontos corridos.

A euforia não era gratuita ou cega, muito pelo contrário, outros parâmetros se somavam — o Vitória, garantido na Copa Sul-Americana, Fortaleza e Bahia, classificados para a Libertadores, fato inédito na história do futebol da Região.

Até que... 2025 começou. E teria que começar, mesmo após as lives infinitas de torcedores, jornalistas e influencers "Pachecos-à-la-Nordeste" projetando cenários em funções exponenciais do novo futebol nordestino.

Saindo do campo das ideias, as primeiras provas, os Estaduais e a Copa do Nordeste, ligaram alguns sinais, principalmente para aqueles a entregarem muito aquém do que se esperava. Porém, como campeonatos de início de temporada e de disputa local, muito se releva.

Vindo a Copa do Brasil, choque de realidade. Dos cinco times, apenas o Bahia não quebou as expectativas. De forma vexatória, Sport, Vitória e Fortaleza foram desclassificados antes das oitavas. Um salvo conduto deve ser dado ao Ceará, que caiu, mas travou bom duelo contra o poderoso Palmeiras.

Nos torneios internacionais, o mesmo labacé: o Vitória, de maneira pífia, cai na primeira fase da Sul-Americana; na Libertadores, o Bahia também, tendo de se conformar com a repescagem para a Sul-Americana. Já o Fortaleza, ah o Fortaleza..., sim, classificado mais uma vez para as oitavas, mas desta vez, ao contrário de 2022, muito mais por incompetência dos demais clubes do grupo do que por mérito próprio. Não à toa boa parte da torcida sequer soube o que sentir.

E aí então, a verdadeira prova dos noves, a Série A. E..., meu Deus! Toda aquela euforia de sete meses atrás de "um novo tempo que começou" esfarelou-se de uma tal maneira que sinto certo constrangimento de lembrar toda expectativa. Vitória, Fortaleza e Sport atolados na briga contra o rebaixamento, o Ceará numa segunda página de tabela, e o Bahia, ali por cima, mas devendo rendimento por todo o dinheiro investido em sua SAF.

É difícil pensar e dizer isso, mas será que aquela festa de sete meses atrás foi o ápice enquanto conquista coletiva do futebol nordestino? Pelo que esse 2025 tem se escrito até então, tendo a crer que, infelizmente, sim.

 

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