Mailson Furtado é escritor, dentre outras obras, de À Cidade (livro vencedor do Prêmio Jabuti 2018 – categorias Poesia e livro do Ano). Em Varjota-CE, fundou a CIA teatral Criando Arte, em 2006, onde realiza atividades de ator, diretor e dramaturgo, e é produtor cultural da Casa de Arte CriAr. Mailson escreve, quinzenalmente, crônicas sobre futebol e outros temas
Fortaleza vive situação dramática, que põe em perspectiva todos os avanços nos últimos anos
Foto: Samuel Setubal
Jogadores do Fortaleza lamentam gol do Mirassol na Arena Castelão
Por entre os dedos, parece se esvair tudo aquilo que em oito anos se mostrava tão firme. Eis o Fortaleza e sua saga que, por mais um ano, consegue surpreender a todos. Desta vez de maneira negativa.
O discurso rançoso e uníssono de gestão exemplar e blá blá blá e blê blê blê da mídia além-Ceará para falar do Fortaleza nos últimos anos, que na ausência de análises técnicas sobre o futebol do time, seja por falta de tempo ou mesmo vontade para fazê-las, parece ter cansado inclusive a diretoria do clube, que para esvaziar tal argumento, cumpre à risca todos os passos de uma cartilha consolidada e compartilhada ano a ano por aqueles que desejam no nosso popular cearensês “se lascarem” — técnicos demitidos, jogadores afastados, goleadas, mudança de diretoria, e até o famoso e vencido discurso “Nós não vamos cair!”.
No meio de tudo isso, é sempre importante lembrar o que parte dessa diretoria fez, e que em grande parcela, tais cobranças deste 2025 pavoroso, derivam do sucesso que os mesmos alcançaram.
No entanto, é impressionante como semana a semana os mesmos se esforçam para quebrar o legado que a duras penas alicerçaram para mudar o patamar do clube, não apenas no quesito esportivo, mas simbolicamente em importância e representatividade no futebol nacional.
“Teria tudo sido um acidente?”, “Uma exceção à regra?” — é um pouco o que parece traduzir o sentimento de parte da torcida e daqueles que acompanham o clube neste momento, zonzos com tudo o que acontece.
Diante de toda energia presente nas últimas temporadas, é visível um esmorecimento, uma inércia, inclusive para cobrança. Parece não valer à pena lutar. Isso sim, é o que preocupa!
Cair para Série B nunca foi um fator determinista na história de um clube, mas para o Fortaleza neste momento, depois de tudo o que construiu, sim!, seria uma hecatombe, e mais preocupante ainda pela forma como está se dando — “um tanto fez, como tanto faz”.
Entender como regra o que foi construído nos últimos anos, e não como exceção, é um exercício contínuo de construção de mentalidade não apenas para o fortalecimento do Fortaleza como clube, mas para o futebol cearense. Uma das primeiras certezas disso é entender que o auge alcançado no futebol é sempre um exercício para a próxima partida. Sonho que haja luta, é mínimo para que o viver se torne possível.
Crônicas sobre futebol. Crônicas sobre fatos. Os dois temas juntos. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.