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Fortaleza, oito ou oitenta
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Mailson Furtado é escritor, dentre outras obras, de À Cidade (livro vencedor do Prêmio Jabuti 2018 – categorias Poesia e livro do Ano). Em Varjota-CE, fundou a CIA teatral Criando Arte, em 2006, onde realiza atividades de ator, diretor e dramaturgo, e é produtor cultural da Casa de Arte CriAr. Mailson escreve, quinzenalmente, crônicas sobre futebol e outros temas

Fortaleza, oito ou oitenta

Desde 1995, Tricolor vive entre fases infernais e paradisíacas, quase como se não houvesse meio termo
Vitória do Fortaleza sobre o Flamengo reacendeu a incerteza de rebaixamento no Pici (Foto: Mateus Lotif / Fortaleza EC)
Foto: Mateus Lotif / Fortaleza EC Vitória do Fortaleza sobre o Flamengo reacendeu a incerteza de rebaixamento no Pici

Logo após a derrota contra o Vasco, mais uma vez com um jogador a mais como havia sido contra o São Paulo, e com as vitórias de Santos e Vitória na mesma rodada, a imensa maioria da mídia e da torcida decretou simbolicamente o retorno do Fortaleza à Série B, após sete temporadas.

Mesas, lives já traziam a necessidade do planejamento para o ano seguinte, o que confesso não acho nenhum absurdo aconteça o que acontecer.

O interessante, é que passadas duas rodadas, e com a vitória "fora dos planos" contra o Flamengo, a mesma certeza do rebaixamento já não possui o mesmo tom, ou pelo menos até o resultado contra o Santos no sábado, poderíamos inclusive chamar de incerteza do rebaixamento.

Tal mudança de ânimo é o reflexo da história do Fortaleza ao longo das últimas três décadas, dividida entre mudanças repentinas entre euforia e esmorecimento.

Da mesma que forma que o calvário entre 2009 a 2016 foi interminável, este mundo dos sonhos de 2017 até 2025 também parecia ser, o que, de forma brusca, mostrou que não, confirmando que paraíso e inferno estão lado a lado no caminhar desta corda bamba.

Em 2024, na mesma altura do campeonato, em 29 jogos o Fortaleza já havia marcado 55 pontos, mais que o dobro do que os deste ano. Quem diria que, em apenas 12 meses, aconteceria essa mudança de chave?

Mas a história segue.... Em 2023, final da Sul-Americana; 2022, aquele Deus nos acuda com um primeiro turno tenebroso, para um segundo turno histórico; 2021, vaga direta na Libertadores. Em 2020, livrar-se do rebaixamento na última rodada; 2019, 2018 e 2017, anos de euforia com a consolidação na Série A e os acessos. De 2009 a 2016, o calvário do rebaixamento e a permanência “sem fim” na Série C. Entre 2001 e 2008, anos de euforia, contrastando com o fundo do poço da Série C entre 1995 a 1999.

Enfim, diante dessa gangorra, que só se confirma ano a ano, parece não haver meio termo para essa história — ou oito ou oitenta —, cabe ao torcedor jogar todas as suas fichas e energia em acreditar a tempestade passou, pois, caso não, a história já sabemos como segue.

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