A cachaça é o destilado para todo brasileiro chamar de seu! Sobretudo porque somos o único país no mundo onde, legalmente, a cachaça é uma bebida típica da aguardente de cana produzida no Brasil. E aqui vale lembrar que nem toda aguardente de cana brasileira é cachaça.

Mas afinal, o que podemos chamar de cachaça?

Existem algumas exigências legais para a produção da cachaça. Dentre elas está a definição de que a única matéria-prima da cachaça é a cana de açúcar, e ela tem de ter uma graduação alcoólica entre 38% a 48% em volume, a vinte graus Celsius. É uma bebida fermento-destilada, ou seja, é um destilado oriundo do mosto fermentado do caldo de cana de açúcar com atributos sensoriais peculiares.

Segundo a legislação brasileira, a aguardente de cana deverá ter graduação alcoólica de 38% a 54% em volume, a vinte graus Celsius, e poderá ser produzida com o destilado alcoólico simples de cana-de-açúcar ou por meio da destilação do mosto fermentado do caldo de cana-de-açúcar, e essas são as características que a diferencia da cachaça.

É importante conhecermos essas diferenças porque, historicamente, a cachaça teve inúmeras denominações, seja por questões políticas ou por uma construção cultural que expressa a diversidade da sociedade brasileira.

No século XVII, por exemplo, a cachaça recebeu mais de 600 sinônimos para evitar o controle e fiscalização do governo, pois nesse período houve uma expansão considerável no seu consumo e, para proteger a venda de vinho e aguardente de uva portuguesa, a famosa Bagaceira, a Coroa Portuguesa proibiu a produção de cachaça e a construção de alambiques no Brasil.

Mas também há, contudo, outros termos que foram cunhados para cachaça, seja por questões lúdicas, de bom humor ou para designar o estado etílico dos seus consumidores.

Dessa forma, se você chegar em alguma região do nosso território e alguém oferecer uma bebida com um destes nomes: Água p´ra tudo; Borbulhante; Café Branco; Champanha da terra; Chuchu; Danadinha; Extrato hepático; Entorta pé; Fogo; Goró; Inspiração; Lamparina; Mata paixão; Nó cego; Passa Raiva; Remédio e Teimosa,provavelmente trata-se de cachaça.

E assim como essa bebida tem nomes diversos os seus bebedores também recebem adjetivos criativos, curiosos e também pejorativos, que vão desde Caneiro, Bebum; Gambá; Esponja a Cachaceiro.

Os dicionários ainda reproduzem alguns dos conceitos que relacionam cachaceiro a bêbado. Sobre isso há ações para o consumo consciente de álcool, e iniciativas que primam pelo fim de ideias pré-concebidas sobre os rituais de consumo.

E aqui cabe ressaltar que a valorização da cachaça como uma bebida genuinamente brasileira perpassa por todo um processo de ressignificar o produto, suas formas de produção, venda e rituais de consumo, fazendo jus aos investimentos tecnológicos e de capital humano aplicados nas últimas décadas por toda cadeia produtiva.

As mudanças no consumo ampliam as exigências dos que bebem com moderação, valorizando e colocando em primeiro plano a boa qualidade da cachaça, e não a quantidade. Esse cachaceiro aprecia destilados e busca produtos que cumprem a legislação, que utilizam uma produção sustentável, que respeitam o meio ambiente e a sua saúde.

Atualmente não é admissível a fama que a cachaça é uma bebida pouco nobre. Ela tem espaço desde os momentos mais simples até os mais requintados.

O terroir brasileiro é privilegiado para a cultura da cana de açúcar e a produção de cachaça. O que consolida a bebida como um dos quatro destilados mais produzidos no mundo.

O papel da indústria

E vocês já devem saber que o Ceará tem destaque nessa produção. O que poucos sabem é que nosso estado é um dos três primeiros estados que produzem quase toda a cachaça industrial destilada em colunas contínuas no Brasil, junto com São Paulo e Pernambuco. O Ceará também é reconhecido pela destilação em pequena escala em alambiques.

Recentemente foi sancionada uma lei estadual conferindo a cidade de Viçosa do Ceará o título de “Capital da Cachaça no Ceará”. Na Serra da Ibiapaba existem mais de 100 alambiques e aproximadamente a metade está concentrada em Viçosa do Ceará.

A cidade é destaque também na qualidade de suas cachaças. A cachaça Aviador coleciona medalhas em concursos nacionais e internacionais. Em um único concurso na Inglaterra, o London Competitions, conquistou medalha de ouro com a cachaça “Aviador Prata”, e medalha de Prata com a cachaça “Aviador Premium Ipê”. A “Aviador Premium” é medalhista de ouro no Concurso Vinhos e Destilados do Brasil.

Coloque a dose

Para quem aprecia a cachaça pura, a Aviador Prata entrega uma experiência ímpar. No visual ela é incolor, límpida e brilhante. O aroma é fino com destaque para as notas frutadas de cana. O sabor é leve, macio, a acidez é média, equilibrada, e tem notas adocicadas. A cachaça gelada harmoniza bem com queijos brancos jovens, frutos do mar refogados, caldinhos, carpaccio e frutas, como a acerola, seriguela e caju.

A Aviador Prata vai muito bem em uma caipirinha clássica. Para apreciar a cachaça Aviador Premium, pura, recomendo que ela esteja a uma temperatura de aproximadamente 20°C, para que revele toda a personalidade. No visual ela é amarela dourada, límpida, brilhante. Tem aroma de melaço, especiarias, frutas amarelas. O sabor é fino, macio, levemente adocicado, acidez equilibrada. Harmoniza bem com massas, risoto de cogumelos, queijos amarelos, churrascos, embutidos. Beber cachaça é um misto de prazer, amor próprio e elegância. Beba menos e beba melhor!