Marbênia Gonçalves Almeida Bastos é professora universitária de Bebidas e Harmonização. Tem Certificação na Wine & Spirit Education Trust. É Sommelière de Vinhos e Cerveja pela Associação Brasileira de Sommelier e Association de la Sommellerie Internationale – ASI. É Sommelière de Chá pelo Instituto CHÁ. Sommelière de diversas Confrarias de Bebidas, em Fortaleza
O Ceará foi o pioneiro no engarrafamento de cachaça, desde 1895, a Cachaçaria Ypióca já engarrafava seus produtos. Mas foi só em 1938, que o Presidente Vargas decretou que a cachaça deveria ser comercializada em garrafas, e que no rótulo deveria conter a descrição do produtor e de dados de produção, com isso visava conter a sonegação de impostos sobre a bebida.
O rótulo da cachaça, a partir dessa legislação, surgiu como uma peça de comunicação que iria estabelecer uma relação com o consumidor, não só com informações sobre a bebida, mas que também iria expressar, ao longo de décadas, a cultura do lugar; o humor do seu povo; a arte; as homenagens as celebridades e também as críticas; além de registros de movimentos sociais e políticos do Brasil.
Desde sempre, alguns exemplares de cachaça são disputados por colecionadores, não só pelo produto, mas pelo rótulo que ostenta. Algumas cachaçarias trabalham com o conceito de Confort Food, ou seja, do alimento que resgata lembranças afetivas da família e de amigos. Dessa forma, a cachaça estimula experiências e emoções.
A sensação de conforto psicológico auxilia o consumidor na escolha de sua cachaça. O rótulo é um grande aliado dos amantes da bebida, e é por meio dele que se infere algumas das suas características sensoriais.
Sobre tais características, a cachaça é o único destilado do mundo com sabores diferenciados e especiais, e muito se deve a ampla variedade de madeira usada nos tonéis para seu armazenamento ou envelhecimento.
Dentre as madeiras que aportam qualidade sensorial a cachaça e que são usadas na sua produção estão as que são consideradas neutras, como amendoim do campo, jequitibá, freijó; ou as amadeiradas, como amburana, bálsamo, castanheira, ipê-roxo e carvalho que, em geral, transferem cor, aroma e sabor à cachaça.
A mais recente legislação sobre os padrões de identidade e qualidade da cachaça publicada em 2022, e que entrou em vigor este mês, define alguns elementos que devem conter no rótulo da cachaça. As empresas terão um prazo de dois anos para providenciarem a aplicação das novas regras.
Por enquanto, ainda veremos neste período de transição algumas informações nos rótulos que envolvem a legislação atual e a anterior, principalmente nos produtos elaborados até 2022.
O nome da cachaça e o registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) são essenciais na garrafa.
Pela nova legislação a cachaça que foi produzida em alambique de cobre por meio da destilação do mosto fermentado do caldo de cana-de-açúcar poderá aparecer no rótulo, como 'cachaça de alambique', mas essa informação é opcional.
Quando no rótulo a identificação de cachaça é 'Prata, Tradicional ou Clássica', significa que a bebida não tem coloração, é translúcida, e descansou em recipientes de aço inoxidável ou em madeira neutra ou que, dependendo da produção, não alterou a cor da bebida.
A cachaça 'Armazenada' passou por tonéis de madeira que a adicionam cor e características sensoriais. E não é obrigatório identificar no seu rótulo o tempo de armazenamento.
A cachaça registrada como 'Envelhecida' tem pelo menos 50% da bebida envelhecendo em tonéis de madeira com o máximo de 700 litros, por período mínimo de um ano.
Alguns produtores incluem o termo 'Ouro" a cachaça envelhecida, em virtude do tom dourado que ela adquire na passagem pela madeira.
Para receber o rótulo de 'Envelhecida premium', 100% de cachaça deve ser envelhecida em tonéis de madeira de no máximo 700 litros por, no mínimo, um ano. Já a cachaça 'Envelhecida Extra Premium' tem que envelhecer nesses tonéis por pelo menos três anos.
E a cachaça 'Reserva especial' deve ter características sensoriais diferenciadas das demais envelhecidas no mesmo alambique, e deve ser avaliada por laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
A cachaça Adoçada pode ser acrescida de açúcar, em quantidade inferior a 30 g/L (trinta gramas por litro).
Há também os rótulos que apresentam um blend de cachaças ou seja, visando a produção de um produto único, equilibrado e buscando mais complexidade o produtor reúne parte de duas ou mais cachaças, que podem ter envelhecido em barris de várias madeiras ou com tempos de maturação distintos.
Essas são algumas definições que auxiliam o consumidor na hora de escolher a cachaça!
Dica de cachaça
Uma cachaça que entrega um blend primoroso é a Weber Haus Premium 7 madeiras. Com certificação orgânica e com medalhas de ouro em diversos concursos. Ela passa por Carvalho Francês, Carvalho Americano, Amburana, Bálsamo, Canela Sassafrás, Cabriúva e Grapia.
É uma cachaça de alambique que tem aromas amadeirados, caramelizados e de especiarias. O sabor reproduz o aroma, com nuances de amêndoas e uma picância de cravos. Deliciosa!
Rota da Cachaça em Fortaleza
A capital do Ceará é uma das poucas cidades que possuem a Rota da Cachaça. A iniciativa foi da Secretaria de Turismo de Fortaleza em parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-CE), com o intuito de fomentar uma experiência gastronômica e cultural, tendo a cachaça como protagonista.
Integram a Rota da Cachaça estabelecimentos sediados em bairros distintos, cada um com suas peculiaridades e potencialidade para oferecer um serviço diferenciado e especializado que promovam a satisfação dos consumidores de cachaça.
Os participantes da Rota da Cachaça em Fortaleza são: Arupempa no Complexo Pirata, Cantinho do Frango, Embaixada da Cachaça, Giz Cozinha Boêmia e Raimundo do Queijo.
A ideia inicial foi dedicar a quarta-feira como o dia da cachaça: a Quarta da Cachaça. A boa notícia é que podemos degustar uma autêntica cachaça nesses estabelecimentos a qualquer dia em um cenário de boa gastronomia regional.
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