Marbênia Gonçalves Almeida Bastos é professora universitária de Bebidas e Harmonização. Tem Certificação na Wine & Spirit Education Trust. É Sommelière de Vinhos e Cerveja pela Associação Brasileira de Sommelier e Association de la Sommellerie Internationale – ASI. É Sommelière de Chá pelo Instituto CHÁ. Sommelière de diversas Confrarias de Bebidas, em Fortaleza
A cachaça é uma bebida versátil e saborosa e um dos seus grandes diferenciais, em relação aos outros destilados produzidos no mundo, é o uso da madeira no seu processo de maturação.
A madeira de carvalho é conhecida internacionalmente por seus benefícios no amadurecimento de bebidas alcoólicas. Na produção da cachaça é utilizada não só essa madeira, mas também, aproximadamente, umas quarenta espécies da rica floral nacional. A diversidade e disponibilidade da madeira brasileira é uma excelente opção para os produtores nacionais, com viabilidade técnica e financeira.
Não é nenhuma novidade que a cachaça pode ser envelhecida em madeira, mas nem todos sabem as razões desse procedimento.
O envelhecimento em madeira incrementa a complexidade sensorial da cachaça, em virtude da extração e a formação de várias moléculas aromáticas. Tais transformações químicas surgem por meio de reações da madeira com a bebida, como a caramelização e a Reação de Maillard que ocorre entre aminoácidos e açúcares, os quais imprimem aromas e sabores diferenciados.
Algumas madeiras também podem alterar a cor da cachaça, então a cor poderá mudar do transparente aos amarelos: claro, palha, dourado, caramelo até o âmbar.
A madeira é considerada um sistema biológico complexo, assim há mudanças na composição química da cachaça, o que poderá transformar a bebida, deixando-a mais macia e aveludada. Além disso, cada tipo de madeira irá transferir aromas e sabores que irão dar características peculiares a bebida.
Conhecer uma síntese de algumas notas sensoriais oriundas deste processo de produção auxilia na escolha da bebida que o cachaceiro, que degusta com atenção e moderação, poderá beber pura ou na composição de um drinque.
O envelhecimento da cachaça em Amendoim ameniza a acidez, isto é, diminui a salivação, e reduz o teor alcoólico da bebida, além de dá uma sensação de adstringência no paladar. O perfume é bem delicado, aparecendo toques florais e herbáceos, além de preservar as notas de cana-de-açúcar, mel e açúcar mascavo. Por isso, é considerada, por alguns especialistas, como a rainha das madeiras, pois ressalta as características organolépticas da cachaça, ou seja, sem nenhuma alteração significativa de suas características. A cor da bebida poderá ser sutilmente alterada, ficando um pouco amarelada. Por esses atributos que a cachaça adquire, ela é indicada na elaboração de drinques, como a caipirinha.
Amburana também é conhecida no Brasil por umburana, umburana-de-cheiro, cerejeira, amburana cearensis, ela reduz a acidez da cachaça e diminui o teor alcoólico, deixando-a mais aveludada, e apresenta uma cor amarela palha. Em geral seu aroma é adocicado, com nuances florais, de mel, melaço, rapadura, erva-doce, anis, cravo e canela. Tem viscosidade e oleosidade.
O Angico é uma madeira que promove aromas de ervas e cereais, deixando a cachaça com um paladar bem suave.
Cachaças envelhecidas em Bálsamo ou Cabreúva têm aromas herbáceos, como a erva-doce, e especiarias, especialmente cravo e anis, e um sabor típico levemente apimentado. Adquirem tons de dourado a âmbar.
O Carvalho Americano transfere para cachaça aromas típicos de baunilha e coco, e um sabor bem suave e um rico buquê aromático com nuances de madeira, castanha, melaço. Já o Carvalho Europeu vai conceder a bebida aromas e sabores de castanha, nozes, amêndoas, charuto, pão torrado, madeira tostada e taninos, com sensação de adstringência no paladar, ou seja, paladar seco, pois as cadeias mais longas de taninos se ligam às proteínas de saliva, provocando a sensação de secura na boca. Se a cachaça possuir maior teor alcoólico há uma redução na percepção do tanino. Os dois carvalhos poderão dar um tom amadeirado à cachaça, dependendo
O Jatobá deixa a cachaça macia, com aromas marcados por notas terrosas e de ervas, o sabor revela um amargor presente. E o final de boca é forte e intenso. A cor é praticamente inalterada.
Há madeiras como o Ipê Amarelo, Grapia, Freijó e Jequitibá que pouco interferem na cachaça de origem, promovem suavidade e maciez.
A cachaça Cedro do Líbano Premium possui terroir cearense e é consagrada pelos especialistas e consumidores por sua alta qualidade e por retratar o seu modo de produção.
Produzida artesanalmente, a moagem da cana, fermentação do mosto, e destilação é realizada em alambique de cobre e feita na Serra Grande, no município de Carnaubal, região famosa pela alta qualidade da cana de açúcar. O envelhecimento e engarrafamento ocorre na Fazenda Libanus, no município de São Gonçalo do Amarante - CE. É envelhecida por volta de 1 a 3 anos em barril de carvalho americano e apresenta a tipicidade e riqueza do carvalho.
Tem 41% do teor alcoólico. Alguns sommeliers recomendam a apreciação desta cachaça em temperatura ambiente. Mas lembramos que o calor volatiza o álcool e aromas com mais rapidez e isso pode desequilibrar a degustação da cachaça, se for apreciar essa cachaça nas regiões mais quentes recomendo resfriar a cachaça para sentir e perceber toda sua riqueza de aromas e sabores. No Ceará recomendo na temperatura de 10C (no Sertão e Praia) a 23C (na Serra).
O aroma é leve e fino, com notas de especiarias, madeira, e cana de açúcar. Na boca tem notas amadeiradas, além do dulçor da cana, tem muita drincabilidade, por sua suavidade e maciez.
Harmoniza com petiscos, com cocção frita: goujonette de peixe ou frango, bolinho de bacalhau, patinha de caranguejo. E pratos suculentos e condimentados, típicos da culinária nordestina.
Lembrando: beber cachaça é um misto de prazer, amor próprio e elegância! Beba menos e beba melhor!
Salve a data
O 11º Festival Mel, Chorinho e Cachaça foi agendado para os dias 8, 9 e 10 de junho, em Viçosa no Ceará, a nossa capital da cachaça e terra dos engenhos no Ceará.
O festival é realizado pela Prefeitura de Viçosa do Ceará e Nova Letra, com a parceria do SEBRAE-CE. A programação será divulgada no lançamento do festival, dia 29/04, e envolve as atrações musicais e as tradicionais oficinas gastronômicas que ressaltam toda a cultura das cadeias produtivas do mel e da cachaça da região.
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