Marbênia Gonçalves Almeida Bastos é professora universitária de Bebidas e Harmonização. Tem Certificação na Wine & Spirit Education Trust. É Sommelière de Vinhos e Cerveja pela Associação Brasileira de Sommelier e Association de la Sommellerie Internationale – ASI. É Sommelière de Chá pelo Instituto CHÁ. Sommelière de diversas Confrarias de Bebidas, em Fortaleza
Foto: divulgação
Museu da Cachaça, em
Salinas (MG). Sala das Garrafas
Minas Gerais é conhecida pela produção de cachaças de excelência, com destaque para inovação e diversidade. Sabidamente, é o estado com a maior concentração de alambiques do Brasil e, desses, 95% produzem cachaças artesanais, consolidando o estado como um produtor líder na bebida.
Desde o século XVIII, quando a mineração dominava a região, pequenos produtores ofereciam cachaça para suprir o consumo de mineradores, que se instalavam no estado para garimpar ouro e diamantes.
Nessa época, a bebida era barata e utilizada de várias formas: como moeda de troca nos garimpos; como medicamento; para animar eventos festivos; para celebrar rituais religiosos; mas, principalmente, como estimulante para enfrentar o trabalho duro, com restrições alimentares, pois não havia logística, nem infraestrutura naquela época, para abastecer as áreas de extração de ouro.
Nos dias atuais, a cachaça é patrimônio cultural de Minas Gerais e os produtores mineiros entregam boas cachaças para todos os estilos de consumidores, desde os que bebem em botecos, até os que frequentam premiados restaurantes brasileiros. Há um amplo investimento na modernização da cadeia produtiva e um movimento para registrar as cachaçarias, evitando a informalidade e falsificação de rótulos.
Nesse sentido, destaca-se a cidade de Salinas, no norte do estado, que recebeu o título de capital nacional da cachaça. Existem aproximadamente 60 marcas de cachaça, registradas no Ministério da Agricultura e Pecuária, que garante a legalidade do produto.
O município criou, em 2005, o primeiro curso superior para a formação de Tecnólogo em Produção de Cachaça, para qualificar a mão de obra e dar suporte na produção.
Salinas tem o Museu da Cachaça, que atrai muitos apreciadores da bebida, para conhecer e degustar rótulos incríveis.
Desde 2012, Salinas recebeu o selo de Indicação de Procedência, que retrata a identidade da bebida. O município tem características que favorecem o plantio de cana-de-açúcar de qualidade. A terra possui uma enorme quantidade de sais, oriundos das antigas jazidas de mineração.
Tradicionalmente, a região envelhece a cachaça em tonéis da madeira bálsamo. Todas as cachaças que ilustram a página são reconhecidas e colecionam prêmios em reconhecimento ao alto padrão de qualidade. Certamente, são a personificação do ouro em Salinas, do que há de mais precioso. Confiram...
Uma das cachaças mais disputadas entre apreciadores e colecionadores é a
Anísio Santiago, envelhecida 12 anos em bálsamo, com graduação alcoólica de 47%. Conquistou o Selo de Produto Orgânico, tem aromas e sabores bem agradáveis, é encorpada com nuances de anis, herbáceos e é muito macia. A cor é amarelo-esverdeada, que é típica das cachaças que passam pela madeira de bálsamo, em Salinas. Anísio Santiago é um ícone na produção de cachaça artesanal premium. Sua fama extrapolou as fronteiras brasileiras e está diretamente relacionada à excelência da qualidade de suas marcas Havana e Anísio Santiago.
Lua Cheia
Outra cachaça de referência de Salinas é a Lua Cheia. Foi a primeira cachaça mineira a ser exportada para os Estados Unidos e ser reconhecida por sua qualidade. Ailton Fernandes Alves, de tradicional família produtora, iniciou a produção dessa cachaça e, em parceria com Guilherme de Alcântara, conduziram a Lua Cheia para ter destaque internacional.
A Lua Cheia é envelhecida por três anos em bálsamo e tem 45% de graduação alcoólica. Nos seus aromas e sabores destacam-se as especiarias, especialmente erva-doce e anis. O sabor é bem equilibrado e apresenta uma suave adstringência, no final de boca.
A cachaça Indaiazinha é uma das mais tradicionais de Salinas, e é bem diferenciada, com sabor e retrogosto bem agradável. O seu produtor é Jânio César Alves, que acompanha a tradição familiar na destilação de cachaça artesanal de excelência.
A Indaiazinha tem produção limitada, e é consagrada por sua qualidade. Envelhece por 8 anos, em barris de bálsamo. Tem 48% de graduação alcoólica. E entrega uma suave adstringência. O destaque no sabor são as notas de amêndoas, ervas e frutas secas.
Canarinha
A cachaça Canarinha é produzida em Salinas por Eilton Santiago, sobrinho de Anísio Santiago. Ela é envelhecida por 3 anos em Bálsamo, tem graduação alcoólica de 44%. Bem aromática, com nuances de baunilha, anis estrelado, flores do campo, grama seca. É bem licorosa e fácil de beber.
A cachaça Havaninha é produzida por Osvaldo Santiago, filho de Anísio Santiago, e segue a tradição da família na produção da bebida. A Havaninha é uma variante da Cachaça Havana. Ela envelhece seis anos em dornas de Bálsamo. Tem 48% de graduação alcoólica.A Havaninha tem aromas e sabores herbáceos, tem uma picância, e uma sensação agridoce. Tem boa oleosidade e um final de boca moderado e saboroso.
Premissa
A cachaça Premissa Tradicional Bálsamo 6 anos foi produzida pelo professor universitário Edilson Jardim Viana, que também tem família produtora de cachaça. A Premissa tem sabor suave, é leve, envelhecida seis anos em Bálsamo. Com graduação alcoólica de 42%, apresenta sabores e aromas com predomínio de notas herbáceas, anis e especiarias.
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