Coordenador da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília, cientista político, mestre em Ação Política pela Universidade Rey Juan Carlos (2007), diretor-executivo do Interlegis do Senado Federal. Analisa o cenário político nacional, a partir de um merguilh0op mais profundo nas causas e efeitos.
Quando observamos uma pesquisa eleitoral, a maioria sempre diz que estamos vendo um retrato do momento.
Não deixa de ser verdade, mas a soma de várias pesquisas nos fornece a noção de movimento. Este é o elemento essencial para entender a dinâmica eleitoral e a tendência do eleitor.
O agregado de várias pesquisas, de institutos diversos, nos ajuda a compreender esta linha temporal e fornece a senha para conseguir prever o resultado de um pleito.
A tendência recente ficou nítida ainda no final de 2015, quando as pesquisas mostravam que o sentimento de ruptura do eleitor com o sistema tornava-se uma realidade.
Depois das manifestações de 2013, havia um vácuo político para ser ocupado na medida que o eleitor sedimentava o desejo de mudança.
O apoio diante da Operação Lava Jato, impeachment e a chegada dos outsiders nas prefeituras deixou claro o caminho para onde se dirigia o país.
Quando disse que fechávamos um ciclo de 30 anos e que novamente um insider com pinta de outsider poderia vencer, assim como fez Jânio, Collor e Getúlio (que não venceu, mas assumiu o poder) muitos falaram que estava equivocado e um nome como Bolsonaro, que considerava favorito, sequer chegaria ao segundo turno.
O resultado é conhecido por todos. Mais do que dialogar com pleito anterior, 2018 foi um retrato fiel da eleição de 1989. Sempre fiz esta leitura.
Assim nos perguntamos o que esperar de 2022. As pesquisas nos mostram claramente o movimento do eleitor.
Diferente de 2018, não estamos diante de um caminho de renovação na política, mas de acomodação do quadro eleitoral.
O pleito de 2020 nos mostrou que o eleitor busca gestores conhecidos, que exercem aquilo que se chama de política de resultados.
O advento da pandemia somente aprofundou este movimento, que deseja menos retórica e narrativas e mais soluções reais.
As eleições de 2022 não dialogam com 1989 ou mesmo 2018. No próximo ano, aquele que souber vender esperança, coloca-se em vantagem, assim como os políticos que possuem resultados reais para mostrar. Se conseguir agregar ambos, as chances são enormes.
O eleitor afasta-se da retórica e do sentimento de renovação e busca um porto seguro em gestores com passado de realizações para encontrar caminhos que tirem o país do drama da pandemia e dos desacertos na economia. Este é o movimento que vemos da soma de momentos de cada pesquisa.
Possuímos três vetores. O desgaste do atual governo contrasta com a ascensão do lulismo nas pesquisas e o espaço aberto para uma força de centro encontrar sintonia com o eleitor.
Esta é a tendência mostrada pelas sondagens. Este será um pleito pautado tanto pelos resultados na gestão da pandemia, assim como da economia e a percepção das gestões passadas dos postulantes ao cargo.
Certamente as pesquisas são um retrato do momento, mas seu movimento ao longo do tempo nos deixa claro que o eleitorado brasileiro estará diante de um caminho consistente para 2022.
Confirmando-se a tendência, com as cartas que estão na mesa, já é possível vislumbrar para onde caminhará o País a partir de 2023.
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