Marília Lovatel é escritora, cursou letras na Uece e é mestre em literatura pela UFC. É professora de pós-graduação em escrita literária e redatora publicitária. Tem livros publicados por diversas editoras, entre elas, Scipione, Moderna, EDR, Armazém da Cultura e Aliás. Vários dos seus 12 títulos são adotados em escolas de todo o país, tendo integrado 2 vezes o Catálogo de Bolonha, 2 vezes o PNLD Literário e sido finalista do Prêmio Jabuti 2017.
Foto: Unsplash/Alexander Mils
Um filho, de repente, cresce e torna-se homem
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Ele não diz não. Em algum momento da infância ou da adolescência, descobriu o quanto as pessoas esperam ouvir um sim. A resposta positiva, no seu caso, está longe de significar o cumprimento da vontade alheia. Nem implica descompromisso, ao empenhar a palavra. O rapaz pertence à rara espécie daqueles seres que simplesmente não se aborrecem ou se preocupam, exceto com o estritamente necessário – e olhe lá.
Passei da fase de inquirir por que dizer sim se não podia ou não pretendia. O sorriso boa-praça me desarma. Meu filho é um doce paradoxo. Talvez no fundo haja mesmo o sincero desejo de corresponder às solicitações que recebe e o faz de bom grado – quando é possível. Quando não, paciência. É tão pacífico que dá raiva, a irmã o define. Eu diria que é um pseudopacifista, ou um falso-conciliador – esta última, expressão que ouvi uma querida amiga dizer sobre o filho dela, também figura encantadora. Trata-se de um gentil negociador, pois concorda, não se indispõe com os outros, mas somente faz o que quer. Um diplomata nato, um estrategista natural, um otimista por essência.
Com capacidade singular para mudar o ângulo de visão e convencer do seu ponto de vista o ouvinte. Calma, tudo se ajeita, me ensina. Se errou a entrada, recalcula a rota. Se algo não deu certo, replaneja o programado. Ele conta com a sorte e a sorte parece contar com ele. Para gente feita dessa matéria simpática e tranquila, não faltam amigos. Agradeço a Deus. Que seja assim em todos os seus dias.
A vida diga inúmeros sins à sua personalidade cativante, moldada ao longo dos 25 anos – completados ontem. O tempo. Na memória, uma fotografia, nós dois sentados na escadaria mineira de degraus revestidos de azulejo hidráulico, um menino abraçado à mãe, envolvido no afeto de braços protetores. Hoje, a proteção e o carinho dele me envolvem, como se eu fosse a criança. Por amor profundo e admiração ao homem que ele se tornou, solto no vento a minha oração: “És um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho / tempo, tempo, tempo, tempo / vou te fazer um pedido / tempo, tempo, tempo, tempo / compositor de destinos / tambor de todos os ritmos / tempo, tempo, tempo, tempo / ouve bem o que te digo / tempo,
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