Marília Lovatel é escritora, cursou letras na Uece e é mestre em literatura pela UFC. É professora de pós-graduação em escrita literária e redatora publicitária. Tem livros publicados por diversas editoras, entre elas, Scipione, Moderna, EDR, Armazém da Cultura e Aliás. Vários dos seus 12 títulos são adotados em escolas de todo o país, tendo integrado 2 vezes o Catálogo de Bolonha, 2 vezes o PNLD Literário e sido finalista do Prêmio Jabuti 2017.
Na variedade de legumes, roubam a cena os tomatinhos brilhantes, quase saltando nas mãos de quem os (re)colhe. Livres de agrotóxicos, exibem um vermelho exuberante, sedutor. Não há jeito de resistir, me garantem.
Pelo mesmo preço de uma bandejinha de isopor, pouco preenchida, em exibição na gôndola de um supermercado, ele vende um quilo de tomate-cereja. E, sem cobrar nada a mais pelo privilégio concedido, permite a prazerosa experiência de (es)colhê-los no pé, à sombra fresca de uma manhã amena de Guaramiranga.
Apresento com as minhas palavras a cena que me descreveram, assim que aquele senhor foi apontado, atrás do portão da garagem, encostado no carro preguiçoso do atrito do asfalto. O veículo, como o seu motorista, tem muitos quilômetros rodados em todo tipo de chão. Agora os dois saem de casa se houver a real necessidade. Para praticamente tudo de que precisa, basta ir até o pomar, onde a natureza pródiga lhe responde generosa aos bons tratos que recebe.
Na variedade de legumes, roubam a cena os tomatinhos brilhantes, quase saltando nas mãos de quem os (re)colhe. Livres de agrotóxicos, exibem um vermelho exuberante, sedutor. Não há jeito de resistir, me garantem. Eu acredito.
A pose bonachona, apoiada no capô, o chinelo no para-choque, a mão descansando para fora da grade, me fazem lembrar uma espécie de pássaro observador, cuja gaiola pode ser aberta pelo inquilino; não está preso, mas só permite a entrada dos que lhe interessam, os que não ousam desafinar a paz conquistada, os que desejam a sua companhia durante o passeio pelos tomateiros viçosos. Seu nome, ouvi uma única vez, terei de perguntar depois a quem me disse, porque não o gravei; estava ocupada no rosto, na expressão corporal, na crônica diante de mim.
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