Marília Lovatel é escritora, cursou letras na Uece e é mestre em literatura pela UFC. É professora de pós-graduação em escrita literária e redatora publicitária. Tem livros publicados por diversas editoras, entre elas, Scipione, Moderna, EDR, Armazém da Cultura e Aliás. Vários dos seus 12 títulos são adotados em escolas de todo o país, tendo integrado 2 vezes o Catálogo de Bolonha, 2 vezes o PNLD Literário e sido finalista do Prêmio Jabuti 2017.
Qual é afinal o dia, a hora certa para ler? Por isso, no Dia do Leitor, proponho que sejamos os primeiros a exercer esse direito humano primordial e a permiti-lo ao próximo, começando pelo próximo que estiver mais próximo de nós.
Publico a primeira crônica do ano justamente em 7 de janeiro, no Dia do Leitor, celebrando o fato de haver uma data dedicada a quem lê, específica para prestigiar o direito à leitura, em especial, à literária. E aqui me apoio no pensamento de Antonio Candido, ao defender a literatura como um direito fundamental do ser humano.
São direitos básicos “não apenas os que asseguram a sobrevivência física em níveis decentes, mas os que garantem a integridade espiritual. [...] a alimentação, a moradia, o vestuário, a instrução, a saúde, a liberdade individual, o amparo da justiça pública, a resistência à opressão etc.; e também o direito à crença, à opinião, ao lazer e, por que não, à arte e à literatura”. Em seu texto "Direitos humanos e Literatura", esse grande mestre esclarece a importância da leitura na constituição do caráter e na formação da personalidade.
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Crítico literário e sociólogo Antonio Candido
É “processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante”. Algo tão significativo e poderoso assim não pode ser negado, afrontado pela realidade brasileira de 10 milhões de analfabetos, em 2023, segundo dados do IBGE.
Considero ainda a necessidade de combater a visão de passatempo infértil, a ideia de não estar fazendo nada, apenas lendo, com que os leitores, muitas vezes, se deparam. Ler pede respeito. No mínimo, silêncio, conforto, boa iluminação, ambiente livre de distrações, condições às quais eu acrescentaria uma taça de vinho, uma caneca de café ou uma xícara de chá. Contudo, pare um pouco para avaliar a frequência das interrupções sofridas pelos leitores.
Basta abrir o livro e o celular toca, o cachorro do vizinho late, alguém liga o liquidificador, usa uma furadeira, ou simplesmente se aproxima com um assunto inadiável, puxa conversa, requisitando para si a serena atenção dedicada às páginas. Qual é afinal o dia, a hora certa para ler? Por isso, no Dia do Leitor, proponho que sejamos os primeiros a exercer esse direito humano primordial e a permiti-lo ao próximo, começando pelo próximo que estiver mais próximo de nós.
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