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À sombra das ingazeiras
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Marília Lovatel cursou Letras na Universidade Estadual do Ceará e é mestre em Literatura pela Universidade Federal do Ceará. É escritora, redatora publicitária e professora. É cronista em O Povo Mais (OP+), mantendo uma coluna publicada aos domingos. Membro da Academia Fortalezense de Letras, integrou duas vezes o Catálogo de Bolonha e o PNLD Literário. Foi finalista do Prêmio Jabuti 2017 e do Prêmio da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil – AEILIJ 2024. Venceu a 20ª Edição do Prêmio Nacional Barco a Vapor de Literatura Infantil e Juvenil - 2024.

À sombra das ingazeiras

Trata-se de um esquete, apresentado pela "Trupe Caba de Chegar", com texto de Cupertino Freitas e Haroldo Aragão, inspirado em "A flor da pele" — assim mesmo, sem o acento indicador da crase que não há —, um conto de minha autoria
Foto: Divulgação "À sombra das ingazeiras" é um espetáculo teatral da Trupe Caba de Chegar, de Fortaleza, com texto de Cupertino Freitas e Haroldo Aragão inspirado no conto A flor da pele, de Marília Lovatel

Difícil descrever o sentimento de ver algo que começou em mim ganhar vida no palco. “À sombra das ingazeiras” é o espetáculo em cartaz no Museu da Indústria. Lindo lugar a se conhecer no Centro da nossa Capital, em frente ao Passeio Público.

Trata-se de um esquete, apresentado pela “Trupe Caba de Chegar”, com texto de Cupertino Freitas e Haroldo Aragão, inspirado em “A flor da pele” — assim mesmo, sem o acento indicador da crase que não há —, um conto de minha autoria.

Segundo esclarece Cupertino, partícipe do nosso Delirantes – Coletivo de Escritores, quando um texto dramático é inspirado em um conto, ocorre um fenômeno diferente da adaptação, que costuma ser uma transcrição, com ajustes, da linguagem literária para a teatral.

Ou, conforme aprendi com o meu orientador, professor Leite Júnior, quando fiz o mestrado na UFC, uma tradução intersemiótica. Já a escrita de um texto dramático, inspirada em um conto, envolve a reinvenção da obra.

Nesse caso, a literatura é “ponto de partida para o dramaturgo, que transforma ou expande aspectos das páginas literárias, alterando, por vezes, a época, o local, o gênero, a idade dos personagens ou o desfecho. Permanecem intactos a essência narrativa, o conflito central e as emoções subjacentes, que ganham novas dimensões, com o diretor e os atores também ressignificando o texto por meio de suas próprias escolhas de montagem e interpretação”.

Particularmente, considero fascinante a experiência de uma única história mobilizar o talento de diversos criadores. E o resultado final, como não poderia deixar de ser, é arte que se assiste ao vivo.

Em cena, as atuações nos transportam aos anos 1930, para acompanhar o retorno do agricultor Marcelino ao Maciço de Baturité. Ele busca a realização do sonho familiar de plantar café, dessa vez, à sombra das ingazeiras.

No entanto, um encontro na Estação Ferroviária de Antônio Diogo, à época chamada de Canafístula, nome da Colônia Leprosaria, ali fundada em 1928, interfere na sua viagem e no seu destino. E o spoiler para por aqui, com o objetivo indisfarçável de convidar o leitor desta crônica a se tornar espectador de teatro na próxima oportunidade.

A programação prevê dez apresentações, até outubro, concomitantes com a exposição “Caminhos do Café no Ceará”, a ser encerrada nesse mês. Em julho, está confirmado o domingo 13, às 10h30. Que possamos nos encontrar à sombra generosa dessas árvores, cujos frutos me trazem um gosto de infância em Guaramiranga.

Foto do Marília Lovatel

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