Marília Lovatel cursou Letras na Universidade Estadual do Ceará e é mestre em Literatura pela Universidade Federal do Ceará. É escritora, redatora publicitária e professora. É cronista em O Povo Mais (OP+), mantendo uma coluna publicada aos domingos. Membro da Academia Fortalezense de Letras, integrou duas vezes o Catálogo de Bolonha e o PNLD Literário. Foi finalista do Prêmio Jabuti 2017 e do Prêmio da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil – AEILIJ 2024. Venceu a 20ª Edição do Prêmio Nacional Barco a Vapor de Literatura Infantil e Juvenil - 2024.
Sofro da síndrome das ideias múltiplas: sou assombrada pela simultaneidade de projetos
Foto: Ilyuza Mingazova / Unsplash
Não sofro de bloqueio criativo, mas as palavras sempre me faltam
Perguntaram-me algumas vezes se já vi, frente a frente, o fantasma que persegue os escritores, popularmente conhecido por bloqueio criativo. Até o momento, venho afirmando que não fomos apresentados, e imagino se e quando esse encontro ocorrerá.
Talvez um outro espectro — esse sim me rouba o sono há décadas — ainda não tenha dado chance ao seu parente castrador de me fazer a amaldiçoada visita. Sofro da síndrome das ideias múltiplas. Sou assombrada pela simultaneidade de projetos, que não respeitam a fila da cegonha literária, nascem todos juntos, e eu que lute para parir e criar tais filhos impacientes.
Agora, se o questionamento fosse “as palavras lhe faltam?”, a resposta seria: sempre. As palavras me faltam quando preciso concretizar os planos, quando me emociono, quando escrevo, quando durmo. Já acordei sem ar, com apneia de palavras.
Em “A queda”, Ana Martins Marques escreve que “As palavras faltam quando mais se precisa delas. São apenas a sombrinha do equilibrista. Ajudam, talvez, mas não salvam. Faltam quando mais se precisa delas. Se você cair de uma grande altura, por mais bonita que seja a sua sombrinha, não conte com ela para amortecer a queda”.
Achei esse fragmento de livro dentro de outro livro, “Se Deus me chamar não vou”, de Mariana Salomão Carrara. Desse modo, nos protegemos da chuva repentina ou do sol intenso. Quando nos falta a sombrinha das palavras, pegamos uma carona amiga. Hoje, eu uso a da Ana, sob a da Mariana. E nem assim me salvo.
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