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Luta contínua por representatividade negra
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Ex-Ministra da Igualdade racial, no período entre 2003 e 2008, e, atualmente, professora na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro brasileira (Unilab). Doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e Doutora Honoris Causa pela Fundação Universidade Federal do ABC (UFABC)

Luta contínua por representatividade negra

O exercício deve ser o de coletivamente transformar dificuldades em oportunidades, na perspectiva de contribuir para a ampliação da representatividade de negras/os em espaços de poder e das políticas públicas, visando uma sociedade mais humana, justa e igualitária
Tipo Opinião
PROFESSOR Roque do Nascimento Albuquerque, reitor da Unilab (Foto: Joakim Santos/Especial para O POVO)
Foto: Joakim Santos/Especial para O POVO PROFESSOR Roque do Nascimento Albuquerque, reitor da Unilab

São sete dezenas o total de universidades federais brasileiras. Estas instituições como espaços privilegiados de produção de conhecimento, tem por base a democracia e a justiça. Mas por outro lado, nestes espaços também são reproduzidas exclusões e injustiças.

Especificamente me refiro à baixa presença histórica de negras e negros em todas as pontas nas instituições de ensino

Temos que reconhecer que nas últimas décadas as universidades têm incorporado maior número de negras/os, devido as ações afirmativas e às leis de cotas para estudantes e docentes. Mas ainda há muito por fazer!

Contribuição muito interessante para quebrar a lógica da exclusão e a injustiça, têm sido os debates e proposições advindas do "Seminário Negras Reitorias: Gestão em Instituições de Ensino Superior e Ações Afirmativas", realizados pela Associação Brasileira de Pesquisadoras/es Negras/os (ABPN), em 2021 em diferentes localidades do Brasil.

Assim, surge a rede de Instituições que atuam no combate ao racismo, ao preconceito e à discriminação racial. Também, o Observatório da Branquitude, que é formado por pesquisadores e reitores que integram o coletivo Negras-Reitorias. Diante de mais de 300 instituições de ensino superior públicas, apenas oito têm reitores negros.

Chama a atenção o conteúdo da entrevista realizada pelo Jornal da Cidade (Sergipe) em março de 2025, com Valter Joviniano de Santana Filho, no encerramento de sua gestão como o primeiro reitor negro na única universidade federal de Sergipe (UFS). O título da entrevista é:"Fui questionado, de forma velada ou explícita, sobre minha capacidade por ser negro", e no conteúdo é afirmado que a gestão enfrentou grandes desafios, como o da obtenção do conceito 5 da UFS junto ao ministério da educação, nota máxima que uma universidade pode alcançar.

Valter Joviniano reforça que "o racismo estrutural está presente em diversas esferas da sociedade, e ocupar um cargo de liderança sendo um homem negro trouxe desafios adicionais". Isso é reproduzido Brasil afora.

O exercício deve ser o de coletivamente transformar dificuldades em oportunidades, na perspectiva de contribuir para a ampliação da representatividade de negras/os em espaços de poder e das políticas públicas, visando uma sociedade mais humana, justa e igualitária.

 

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