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Remoto Controle
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Líder classista, empresário do setor de farmácias, é diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC) desde 2018

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Com relação à Inteligência Artificial, me preocupa muito mais a morte da criatividade pela repetição daquilo que já foi feito do que a extinção da humanidade pela ação das máquinas que os próprios humanos programam
Modelo de inteligência artificial generativa ChatGPT ganhou lugar no léxico alemão (Foto: Vincent Michel/PHOTOPQR/OUEST FRANCE/MAXPPP/picture alliance)
Foto: Vincent Michel/PHOTOPQR/OUEST FRANCE/MAXPPP/picture alliance Modelo de inteligência artificial generativa ChatGPT ganhou lugar no léxico alemão

O advento da Inteligência Artificial tem deixado no caldo de pinto muita gente que se impressiona com pouca coisa. De contador a jornalista, de nutricionista a terapeuta, uma leva de profissionais vem se abalando com o uso que tem sido dado à nova ferramenta pelas pessoas. E, também, com a possibilidade de extinção de alguns postos de trabalho, que seriam absorvidos pelas I. A´s.

A bem da verdade, historicamente, a cada invenção tecnológica que promete chacoalhar os costumes da humanidade, também surgem teorias da conspiração que anunciam profecias aterrorizantes causadas pelo progresso. Mas, na real, tudo é uma questão de adaptação. De ter o tal do mindset aberto. De tal forma que o novo não lhe ameace. Apenas lhe desafie a se modernizar.

Com relação à Inteligência Artificial, me preocupa muito mais a morte da criatividade pela repetição daquilo que já foi feito do que a extinção da humanidade pela ação das máquinas que os próprios humanos programam. Porque, apesar da evolução dos robôs, nenhum sistema se mostrou eficaz em codificar ou em decodificar os nossos sentimentos. Eles apenas repetem nossas tarefas, mesmo que numa velocidade incomparável.

Mas a nossa autenticidade, a nossa sensibilidade, a nossa espirituosidade, a nossa genuinidade, enfim, a nossa complexa humanidade ainda nos garantem no comando da bagaça, mesmo que estejamos sendo intensamente vigiados, monitorados, estudados pelos algoritmos, que tudo ouvem, tudo veem e tudo cruzam sobre os dados e informações que nós mesmos deixamos, espontaneamente, com as posturas que adotamos e as decisões que tomamos no ambiente digital.

Contudo, importante, mais do que nunca, estabelecermos limites nessa relação “Criador versus Criatura”, antes que a ditadura do engajamento nos leve muito mais do que o bom senso que muitos de nós já perderam, e que faz prefeito posar de gênio da lâmpada, prefeita dançar de calcinha no Instagram e o patético pautar cotidianamente nossas posturas a troco de likes.

É preciso, mais do que nunca, um estrebucho de sobriedade, em busca de um sopro de razão, de coesão, de autocrítica, de civilidade em nossos atos, que nos reafirme o protagonismo do físico sobre o virtual, do ser sobre o parecer ser, da vida sobre a tela.

Do contrário, não saberemos mais o que é realidade nem ficção. O que pode resultar em barbáries bem concretas como a de Itaperuna, onde um menino de 14 anos, sob os aplausos da namorada e o estímulo dela nas redes sociais, matou o pai, a mãe e o irmãozinho caçula, como se a própria família fosse alvos a serem eliminados num jogo de plataforma on line.

É! Tá passando da hora de a gente retomar o controle da vida real.

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