Logo O POVO+
Quando o papel respira
Foto de Maurício Filizola
clique para exibir bio do colunista

Líder classista, empresário do setor de farmácias, é diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC) desde 2018

Quando o papel respira

Como lembra Nizan Guanaes, o publicitário, uma publicação impressa não grita, mas conversa. Não manipula, mas mergulha. E talvez seja disso que mais precisamos: menos "stories" e mais histórias
Ilustração para texto de Maurício Filizola (Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Ilustração para texto de Maurício Filizola

Em tempos em que tudo virou arraste, clique e sumiço, é quase um ato de resistência parar para virar uma página de papel. Mas talvez seja justamente disso que estejamos precisando: resistir. Não por saudosismo, mas por humanidade. Porque há algo no toque da revista, no cheiro da tinta fresca, na dobra da capa sobre os joelhos, que nenhum feed digital consegue reproduzir.

Na entrevista à Veja, Nizan Guanaes — esse mestre da comunicação e do sentimento — não apenas relembra a era dourada das revistas, mas nos convida a olhar para o futuro com o olhar de quem respeita o passado. Ele diz: “O que temos que compreender sobre o futuro é: onde estiver todo mundo indo, não vá.” E não é uma frase de efeito. É uma bússola.

Enquanto todos correm para telas, algoritmos e viralizações, ele aposta naquilo que permanece: conteúdo que se pode guardar, que não depende de Wi-Fi, que não desaparece em 24 horas. A revista impressa não disputa velocidade. Ela oferece profundidade. E, no meio do barulho digital, isso é ouro.

A Abril, que completa 75 anos, escolheu celebrar com um gesto contraintuitivo: voltar ao papel. Parece loucura? Talvez. Mas é nessa ousadia que mora o aprendizado. O futuro não está necessariamente no novo. Está no que continua fazendo sentido.

Talvez devêssemos aplicar essa lógica em outras áreas da vida. No lugar de correr para o que pisca, buscar o que permanece. No lugar de caçar cliques, cultivar conexões. Porque como lembra Nizan, uma publicação impressa não grita, mas conversa. Não manipula, mas mergulha. E talvez seja disso que mais precisamos: menos “stories” e mais histórias.

Sim, o mundo muda. E muda rápido. Mas o que nos sustenta não é a velocidade. É a memória. É o repertório. É a pausa.

Que a volta das revistas impressas nos ensine, mais uma vez, que há beleza no que não precisa ser atualizado a cada segundo.

Porque na era do instantâneo, quem resiste ao tempo, vira referência.

Foto do Maurício Filizola

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?