
Líder classista, empresário do setor de farmácias, é diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC) desde 2018
Líder classista, empresário do setor de farmácias, é diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC) desde 2018
Você já parou pra pensar como se mede o sucesso de uma nação?
Não é pela ostentação de seus líderes nem pela eloquência dos discursos em palanques iluminados. Tampouco se mede pela pose em cúpulas e encontros internacionais ou pela habilidade em gerar polêmicas em rede nacional. O verdadeiro sucesso — assim como o de uma pessoa — mora naquilo que ninguém vê: no cuidado com os invisíveis, no respeito silencioso ao próximo, no equilíbrio entre o que se sonha e o que se entrega, no falar, no cumprir e no agir coerentemente.
O Brasil, essa imensa cozinha de esperanças, parece ter todos os ingredientes para dar certo: talento, criatividade, terra fértil, gente calorosa, resiliente e um espírito que não se quebra. Mas o problema, meu caro leitor, não está nos ingredientes. Está na receita.
É como se um chef de cozinha insistisse em usar sal demais e esquecer o fermento da ética. Como se colocasse fogo alto na panela e se ausentasse, achando que o prato vai se virar sozinho. O resultado? Queima-se o arroz, estraga-se o feijão — e o povo ainda precisa pagar a conta.
Enquanto os olhos estão voltados para a Casa Branca e se fazem cálculos sobre o "efeito Trump", o verdadeiro tarifaço mora aqui, no quintal de casa. Um tarifaço que sangra os cofres públicos de maneira silenciosa, com emendas que viram moeda de troca, com imensos penduricalhos, com programas mal geridos que se tornam ralos para o dinheiro suado do contribuinte. Cada ponto percentual a mais nos juros, cada isenção mal explicada, cada benefício sem controle — tudo isso é mais um tempero amargo na receita do fracasso.
E ainda assim, a panela não explode. Sabe por quê? Porque nos acostumamos. Porque fomos ensinados a aceitar que "sempre foi assim". E enquanto isso, o custo Brasil vai subindo, o empreendedor se espreme e se decepciona, o salário não dá conta da feira, e o jovem sonhador pensa em fazer as malas.
Mas há outro tipo de sucesso — o que brota das pequenas viradas de consciência. Sucesso é quando o cidadão começa a exigir, a fiscalizar, a votar com consciência. É quando o governante troca o marketing vazio por gestão com propósito. É quando se entende que soberano mesmo é o Direito, e não a caneta de um só poder.
O sucesso verdadeiro não é o que estampa revistas, mas o que alimenta um povo. É o que baixa os juros e eleva a dignidade. O que corta desperdícios e planta oportunidades.
E se quisermos mudar o cardápio da história, temos que começar escolhendo melhor os cozinheiros. E, principalmente, os ingredientes.
Sucesso é quando a voz do povo deixa de ser eco e se transforma em comando.
Análises. Opiniões. Fatos. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.