Logo O POVO+
Te perdoo, Renato Augusto
Foto de Meu Dia de Copa
clique para exibir bio do colunista

Crônicas de jornalistas do O POVO sobre Copa do Mundo. Textos às terças, quintas e aos sábados.

Te perdoo, Renato Augusto

Sou capaz de franzir a testa com esse lance de Brasil x Bélgica, pelas quartas de final da Copa de 2018, até hoje, comentado, escrito ou reproduzido
Tipo Crônica
Meia Renato Augusto no jogo Brasil x Suíça, pela Copa do Mundo de 2018 (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)
Foto: Lucas Figueiredo/CBF Meia Renato Augusto no jogo Brasil x Suíça, pela Copa do Mundo de 2018

Ao final do expediente de segunda, em frente à televisão da redação, estou calado, assim como Thadeu, Érico e Domitila, ela a conceber sua crônica, possivelmente. Percebo que a escala dos textos sobre a Copa foi elaborada de modo que minha estreia nas páginas de cá coincidisse com a estreia da seleção brasileira nos campos de lá, contra a Sérvia.

Uso o infrequente silêncio do ambiente a meu favor. Tento extrair alguma cena das Copas com potencial literário para pô-la imediatamente em diálogo com minha vida e ver o que sai disso.

Não consigo fugir de Brasil e Bélgica, pelas quartas de final de 2018. A minha crença de que veria o Brasil campeão naquele ano é incompatível com o primeiro tempo apagado da seleção. Mais incompatível ainda com a nova atitude dela no segundo tempo, porque desacompanhada do segundo gol e rodeada por erros da arbitragem.

Como sempre desalmado, o cronômetro não esperou que as coisas entrassem no rumo para dizer ao árbitro que encerrasse o jogo. Renato Augusto saiu do banco para fazer um gol de cabeça: 2 a 1.

Philippe Coutinho, com a bola, Roberto Firmino, sem ela, se movimentam para criar um buraco na entrada da área belga, aos 34 do segundo tempo. Renato entende tudo e ocupa o rombo deixado. Avança, recebe o passe, se aproxima da meia-lua e bate tirando de Courtois. Demais… Sou capaz de franzir a testa com esse lance até hoje, comentado, escrito ou reproduzido.

De diferentes modos, tenho captado nas ruas, nos livros, nos jornais e nas conversas o recado de que não é possível voltar para consertar o que se fez. Não existe culpa, tampouco culpados, palavras tão frequentes também nas Copas. Aquela bola fora não vai entrar. A plasticidade do lance reside no capricho que parece conduzi-lo, como quem diz: “Vai ser quando eu quiser, não você”.

O suspiro profundo com a batida não vai se transformar em grito de “gol”. Te perdoo, Renato. Espero que você também tenha se perdoado. É importante. A Copa do Mundo de 2022 está aí. Torço para que os convocados não me façam poetizar derrotas novamente. Sejam campeões, por favor.

Foto do Meu Dia de Copa

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?