Miguel Pontes é Streamer de Games na Twitch. Host, editor e produtor do Mais Um Podcast de Games e da Comunidade Nerd do O POVO. Pesquisador da Central de Jornalismo de Dados - Datadoc e Acervo O POVO. Neste espaço, vai falar sobre jogos, noticiar eventos, analisar games e opinar sobre a indústria de jogos
Com 121 milhões de unidades vendidas no mundo, o Nintendo Switch é o segundo console portátil mais vendido da história. Não seria a hora da Sony surfar novamente essa onda?
Foto: Divulgação / Sony Playstation
Playstation Vita, console portátil da Sony
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Essa semana estava lendo um artigo da IGN onde o autor perguntava se não seria hora de um retorno da Sony ao mundo dos consoles portáteis. O assunto causou um certo burburinho nas redes sociais com opiniões bem divergentes e interessantes. Aqui vai a minha.
Com 121 milhões de unidades vendidas até o momento do NintendoSwitch, o que não faltam são matérias, posts e artigos exaltando o sucesso da Nintendo e seu console portátil. Olhando os expressivos números e salvo suas devidas particularidades, é inegável o sucesso e o apelo comercial entre os usuários da marca. É fato também, que a Nintendo domina o mercado de consoles portáteis desde o lançamento de seu famoso Game Boy, em 1989.
Beleza, mas e a Sony?
Anteriormente, a Sony, era a única concorrente de peso da Nintendo no mercado de consoles portáteis durante a ultima década, porém abandonou esse nicho em 2019 com o lançamento do último modelo do Playstation Vita. Mesmo não sendo tão popular quanto seu antecessor, o Playstaton Portable (PSP), o Playstation Vita ainda vendeu cerca de 16 milhões de unidades entre 2011 e 2019, número esse considerado um "fracasso de vendas" quando comparado ao PSP, que segundo dados da fabricante, teria vendido cerca de 76,4 milhões de unidades no mundo.
Acredito que o PS Vita tenha sofrido um dos piores erros de "timing" comercial da história dos video games e quanto a isso, explico. O Playstation Vita estreou no final do ano de 2011, quase no fim de geração do Playstation 3 e no início da geração do Playstation 4. Ele era bastante poderoso para um portatil, trazendo gráficos parecidos com os do PS3, recursos de interação inovadores como a tela touch e dois touchpads na traseira, porém pouco "utilizados" pelos desenvolvedores dos jogos. - Me recordo que a única vez que joguei um game que “realmente” fizesse uso do touchpad traseiro, foi o Uncharted Golden Abyss, onde você passava os dedos nessa área para “tirar a poeira” de alguns itens do jogo - Some isso ao fato dos smartphones estarem servindo como uma plataforma acessivel para jogos e praticamente todo mundo estar jogando Angry Birds ou completamente viciados em Candy Crush.
Os smartphones foram ainda responsaveis por uma verdadeira revolução nos jogos portateis e na inclusão e popularização dos jogos como passa-tempo nessa época, mas isso é um papo para uma outra coluna.
Aliado a isso, nesse período, o Playstation 4 gozava da total atenção da Sony e nem ela, nem os desenvolvedores third party (estúdios terceirizados), estavam tão empenhados em produzir um grande volume de jogos para a plataforma do PS Vita. O foco era total no Playstation 4 e na popularização dos jogos online co-operativos. O alto valor do Vita na época, a ausencia de grandes jogos que fizessem uso do poderio do bichinho e a consolidação da Nintendo como lider de vendas de portateis, dificultaram muito o cenário para a Sony.
Por fim, com tudo isso somado, o PS Vita foi abandonado a propria sorte e por fim descontinuado em 2019 após algumas tentativas de baratear a produção, como a troca da tela OLED por uma LCD. A Sony ainda chegou a anunciar o encerramento da loja virtual, mas voltou atrás e hoje ainda mantem o serviço ativo, porém sem a possibilidade de criar novas contas.
Mas e aí, depois de toda essa história de fracasso do Vita, por que essa discussão causou tamanha comoção? Se o Vita fracassou e o switch já é consolidado, por que a Sony deveria investir novamente no seguimento?
Bem… como escrevi acima, tudo diz respeito a "timing". E o timing nesse mercado pode definir o que vai ser um sucesso e o que potencialmente será um fracasso. Seja empresa, publisher, estúdio ou jogo.
O Nintendo Switch está mais que consolidado no mercado, e já se discute quando o novo Switch será anunciado. Além disso, hoje, seugrandeconcorrente é o Steam Deck, da Valve, onde já se consegue jogar alguns títulos exclusivos do Playstation que estão a venda na loja da Steam, dentre outros jogos que rodam em seu sistema.
Porém a plataforma do Steam Deck está mais para um híbrido entre PC e portátil, do que uma plataforma exclusiva. Além de ter ainda uma baixa penetração no mercado mundial, boa parte devido ao seu recente lançamento. Não há até o momento, jogos exclusivos para o Deck. Essa nem é a proposta do produto e, sinceramente, encaro isso como uma vantagem, já que comprando um Steam Deck você faz uso dos jogos que estão em sua biblioteca da Steam, sem precisar comprar nenhuma versão exclusiva para ele.
Acredito que esse modelo de negócio cairia como uma luva para a Sony. Imagina só, comprar seus jogos no PS5, somar com os que ja tinha no PS4 e na PSN e poder jogá-los onde quiser usando um portátil da Sony.
Isso não precisaria excluir a possibilidade de exclusivos para um sistema novo ou até criar um modelo onde você pagaria um valor pequeno pelo port do PS5/PS4 para o novo portátil - alô Nintendo! O Steam Deck já provou que mesmo com hardware limitado é possível rodar jogos mais elaborados e ainda assim ter uma boa experiência portátil.
Um outro ponto seria o preço. Mais barato que o console de mesa atual. Um valor competitivo e a possibilidade de jogar sua biblioteca da PSN (Playstation Network) poderia acabar por trazer para a Sony aquela pessoa que não tem a grana para comprar um PS5, mas que poderia ter dinheiro para comprar um portátil mais barato onde pudesse jogar os mesmos jogos do console mais caro. Ou melhor, a Sony traria para si uma nova leva de assinantes que poderiam pagar pela PSN sem nem ter o console principal.
Sinceramente, eu espero que esse burburinho ganhe força. Que a Sony reveja sua estratégia e quem sabe não veremos um novo portátil dela nos próximos anos. A esperança é a última que morre.
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