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Earthion: Amor e ódio pelos jogos de navinha
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Miguel Pontes é Streamer de Games na Twitch. Host, editor e produtor do Mais Um Podcast de Games e da Comunidade Nerd do O POVO. Pesquisador da Central de Jornalismo de Dados - Datadoc e Acervo O POVO. Neste espaço, vai falar sobre jogos, noticiar eventos, analisar games e opinar sobre a indústria de jogos

Earthion: Amor e ódio pelos jogos de navinha

Se você jogou muito Mega Drive e sente saudade dos clássicos jogos de navinha, Earthion pode ser aquele reencontro inesperado com a sua própria memória gamer. Desenvolvido pela Ancient, o jogo aposta pesado na nostalgia, na estética retrô e na dificuldade sem tutorial. Mas será que isso funciona em 2025? Depende do quanto você está disposto a aprender apanhando.
Tipo Análise
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Earthion é o novo jogo da Ancient Corporation, estudio criado pelo lendário Yuzo Koshiro. (Foto: Ancient | Divulgaçao)
Foto: Ancient | Divulgaçao Earthion é o novo jogo da Ancient Corporation, estudio criado pelo lendário Yuzo Koshiro.

Sabe quando tu pega um jogo e ele parece um abraço apertado vindo direto da tua infância, ao mesmo tempo em que te dá um tapão nas costas e diz: "Se garanta lá que eu quero ver"?

Pois então, Earthion é exatamente isso. Um "Shoot'em Up" de navinha que parece ter saído direto da era 16-Bits do Mega Drive.

E não por acaso: ele é desenvolvido pela Ancient, estúdio que já carrega no currículo clássicos de respeito como Sonic The Hedgehog do Master System, ActRaiser 2, Beyond Oasis dentre outros. Além da trilha sonora ser composta pelo lendário Yuzo Koshiro, que também é o cabe;a do estúdio e o compositor que embalou Streets of Rage com aqueles synths darkwave que moram na cabeça de muitos ex jovens dos anos 90 até hoje.

Só que, deixa eu te dizer: assim como antigamente, se você entrar sem ler nada sobre o jogo antes, a chance de você ficar perdido no enredo é extremamente alta.

Aliás, que enredo? A história está lá… só que não está. O jogo simplesmente presume que você já conhece o conflito espacial que está rolando e já sabe quem sua personagem é e qual sua motivação para sair por ai atirando e desviando de lasers. Isso porque ao iniciar o jogo e clicar no "start" você automaticamente pula uma introdução que conta a história, mas que só é vista se voce iniciar o jogo e deixar a tela la parada ociosa, dai ele ira colocar para rodar essa introdução, caso contrario o game já inicia sem contextualizar com nada, uma escolha no minimo estranha nos dias de hoje.

Agora, o que me pegou foi a dificuldade. Meu fí… eu botei foi no easy pra ver se a coisa melhorava um pouco e ainda assim tiveram momentos em que parecia que o jogo olhava pra mim e dizia: “Tá fácil não viu, irmão. Ainda vamos sofrer muito por aqui!”. Aliás, por mais que a dificuldade easy seja praticamente uma heresia entre os fanáticos, aqui foi necessário para entender os padrões e depois retornar as dificuldades mais altas, normal e hard, com um pouco mais de confiança. Nesse game, o easy é só psicológico viu, ou na melhor das hipoteses: apenas um estado de espirito passageiro, acredite.

Digo isso porquê a progressão no jogo está diretamente ligada ao player fazer upgrades na nave para seguir avançando nas fases. E aí o jogador se da conta de que o game é daqueles que não te explica nada. Ou você aprende na marra, ou vai ficar jogando os “lifes” no espaço, até gastar todos os “continues” e não conseguir passar sequer da fase 4.

Perdi umas 3 horas nessa brincadeira aí, até descobrir que o item “Adaptation Pod” que eu deixava passar inúmeras vezes, era justamente o item que me daria acesso ao sistema de upgrades da nave e faria ela ficar melhor e mais poderosa. Sofri até descobrir que eu não deveria “dropar” este item. Tudo isso porque o jogo não se deu ao trabalho de me explicar que era isso que o item em questão fazia e que eu teria de carregar ele até o final da fase para poder usar as melhorias na fase seguinte. Essa informação só está disponivel no menu de pausa, no item "como jogar", pensei ai. Quem é que vai pausar um jogo e presumir que existe tal menu?

E aqui aproveito para dizer que, nessa pegada de jogo antigo, o game usa, ainda, um sistema de passwords para garantir que as melhorias que o jogador fizer sejam reaproveitadas na próxima run. Anote, porque se perder, já era.

Porém, uma vez que o jogador aprende a fazer os upgrades, a ficha cai e o jogo se revela uma verdadeira delícia retrô. A jogabilidade fica fluida, o ritmo engrena, e a trilha sonora do Yuzo Koshiro te carrega no embalo de um anime futurista dançante até o final. Como um verdadeiro passeio dentro dessa estética 16-bits nostálgica, linda e prazerosa demais!

Deu para ver que não é um jogo feito pra agradar geral. É um jogo feito pra quem ama esse estilo e essa pegada. Mais fiel ao passado dos games impossível. Eu ainda lembro que até hoje eu não faço a menor ideia do enredo do jogo Insector X que eu amava jogar no Mega Drive em 1992. Aliás, Earthion estaria facilmente em uma capa da Ação Games se tivesse saindo nessa época.

Mas quer saber? Mesmo se você não for uma cria da era 16-Bits, ainda assim vai valer a pena.

Te recomendo o jogo com as seguintes ressalvas: Vai ter curva de aprendizado e vão ter inumeros momento de ódio. Mas, também vai ter aquele sorriso idiota quando tudo se encaixar e você finalmente puder aproveitar a experiencia.

Divirta-se e depois volta aqui para me contar e talvez, me agradecer.

Earthion está disponível para PC, PS4, PS5, XBOX Series X|S e Nintendo Switch.

Foto do Miguel Pontes

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