Miguel Pontes é Streamer de Games na Twitch. Host, editor e produtor do Mais Um Podcast de Games e da Comunidade Nerd do O POVO. Pesquisador da Central de Jornalismo de Dados - Datadoc e Acervo O POVO. Neste espaço, vai falar sobre jogos, noticiar eventos, analisar games e opinar sobre a indústria de jogos
Todo ano eu escolho meu favorito para o TGA, e neste ano a minha aposta é clara: Clair Obscur: Expedition 33. Mas, ao mesmo tempo, não consigo ignorar aquela sensação de que a indústria pode puxar o tapete.
Foto: Reprodução | Sony Playstation
O jogo indie Clair Obscure: Expedition 33 foi indicado a 12 categorias do The Game Awards, o oscar dos games
Vamos começar pelo óbvio: Clair Obscur: Expedition 33 não é só um bom jogo — ele é uma daquelas indicações do The Game Awards, o "Oscar dos games", que chegam avisando que podem competir com qualquer gigante da industria. São 12 indicações logo de cara, o que é um feito absurdo para uma IP nova. Isso já mostra que o jogo impactou jurados e público com força: direção artística de cair o queixo, narrativa inédita e elegante, combate estiloso e uma identidade visual que não parece derivada de nada. É aquele tipo de jogo que você reconhece instantaneamente.
Só que, apesar desse brilho todo, existe uma lógica silenciosa no TGA que a gente aprende a identificar com os anos. E essa lógica costuma ser implacável: volume alto de indicações nem sempre significa chance real de GOTY. Muitas vezes, essa “chuva de nomeações” é um jeito educado de dizer: “nós gostamos muito, mas não o suficiente pra botar no topo”. É quase um Oscar de fotografia: prestigia, celebra, mas raramente entrega o prêmio principal. Já vi acontecer muito disso na maior premiação da industria cinematográfica.
E é por isso que eu fico com aquela pulga atrás da orelha. Eu adoraria ver Clair Obscur levar o GOTY — não só pela qualidade, mas pelo simbolismo. Ver um estúdio novo subir no palco seria quase terapêutico pra indústria, uma prova de que criatividade ainda pode vencer pedigree. Mas aí eu lembro da lista de concorrentes, e o otimismo dá uma murchada.
Porque, do outro lado da mesa, estão Hades 2, Hollow Knight: Silksong e Death Stranding 2. Não dá pra fingir que esses nomes não pesam. Cada um deles representa uma comunidade enorme, anos de expectativa acumulada e um impacto cultural que já vem pronto, antes mesmo do jogo aparecer na tela. É como começar uma corrida onde três atletas já largam seis metros na frente.
E aí vem o peso pesado da noite: Hideo Kojima. E olha, não importa o que você ache dos jogos dele — é impossível ignorar o tamanho do nome do cara. Em 2019, o primeiro Death Stranding apareceu no TGA com 9 indicações, incluindo GOTY. Não levou o prêmio principal, mas conquistou o de Melhor Direção de Jogo. Isso não é pouca coisa. Premiação de direção é, basicamente, o TGA dizendo: “Esse jogo pode dividir opiniões, mas... o autor é inquestionável.”
O fator Kojima movimenta a imprensa, as comunidades, críticas, celebridades, trailers surpresas, memes… tudo. Quando o nome dele está numa lista, o jogo não compete só como obra — compete como evento. E eu sinto que Death Stranding 2, só por existir, já entra na disputa com um peso que um estúdio novo simplesmente não tem como igualar. Sem contar a grandiosidade e qualidade inconstestavel do game.
Mas, mesmo assim, eu continuo torcendo por Clair Obscur. Não pela narrativa de “coitadinho do indie”, porque ele NÃO cabe nessa caixinha, mas pelo simples fato de que ele merece, e muito. Ele não está tentando imitar ninguém, não está surfando em hype pré-existente e não está se apoiando em histórico de sucesso. Ele está ali puramente por mérito, pelo que entrega como entretenimento em grande estilo. E o mérito deveria bastar. Deveria, mas...
O problema é que, às vezes, o TGA não funciona pelo “deveria bastar”. Ele funciona pelo impacto, pela conversa global, pelo nome que todo mundo conhece. E é por isso que, apesar da minha aposta afetiva, eu acho que o GOTY vai acabar indo para: Silksong ou Death Stranding 2. Cada um por um motivo diferente, mas todos com aquele “peso histórico” que costuma contaminar as votações. Silksong pela espectativa de anos e Death Stranding 2 pela evolução da grandiosidade continuada, além do fator Kojima.
No fim das contas, minha torcida continua sendo por Clair Obscur, porque ele representa exatamente o tipo de jogo que eu gosto de ver conquistar espaço: novo, criativo, competente e ousado. Mas a minha expectativa realista… aí já é outra história. Se o troféu cair no colo do Kojima San, eu não vou ficar chocado. Vou só dar um suspiro e dizer: “É, eu já imaginava.”
Mesmo assim, vou estar ali, vendo tudo, e torcendo para que — só por uma vez — a lógica que sempre engole os estreantes seja engolida por eles.
*O The Game Awards vai ao ar dia 11 de dezembro. Você poderá acompanhar comigo, ao vivo, como um dos co-streamers oficiais do evento, e comentar os ganhadores Clicando Aqui.
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