Juiz federal, foi vice-presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe/2010-2012). É professor em cursos de pós-graduação e professor convidado da Escola da Magistratura Feral da 5ª Região (Esmaf), da Escola da Magistratura do Estado do Ceará (Esmec) e da Escola de Administração Fazendária (Esaf). É autor dos livros
A vida é irônica. A morte nos engana. Um dia também vamos errar o mergulho. Preta Gil morreu com 51. Cazuza, com 32. E o Ney está vivo até hoje, para nossa felicidade. Pema Chödron diz que "como vivemos é como morremos"
Foto: Reprodução/Ale Frata
Gilberto Gil e Preta realizaram uma última apresentação juntos durante a turnê de despedida "Tempo Rei"
Felix Baumgarther, conhecido como Felix Destemido, era uma lenda dos esportes radicais, dentre tantas outras façanhas, em 2012, saltou da estratosfera, a 38 km de altura, vestindo apenas um traje pressurizado, atingiu a velocidade de 1.300 km/h antes de pousar, hipersônico. Sua queda durou pouco mais de quatro minutos. Treze anos depois, veio a morrer em um acidente de parapente, aos 56 anos de idade, caiu desacordado a poucos metros de uma piscina, como se tivesse errado o mergulho.
A vida é irônica. A morte nos engana. Um dia também vamos errar o mergulho. Preta Gil morreu com 51. Cazuza, com 32. E o Ney está vivo até hoje, para nossa felicidade. A Pema Chödron diz que “como vivemos é como morremos”. Se vivemos com medo, morremos com medo. Se estamos vivos na vida, estaremos vivos na morte.
A coragem de desafiar a morte nos atrai, por isso Baumgarther era tão ovacionado. A coragem de viver nos fascina, por isso Homem com H é tão lindo. No filme, vemos o Ney desafiar a vida e fazer as pazes com ela. Vemos como ele não tem medo de estar perto dos que morrem.
Caetano sabe que adiante um dia vai morrer, de susto, de bala ou vício. Acho esse verso bonito. Quando o escutei pela primeira vez também queria morrer assim, de uma forma poética, como se a morte não fosse a morte e eu não tivesse medo dela. Contudo, às vezes, tenho medo até de viver, me escondo atrás do medo de amar, de sofrer, de morrer, e não vivo.
A maioria de nós não vai morrer de amor, nem num parapente ou num kite, nem de susto, bala ou vício. A maioria vai morrer de câncer, como a Preta, ou de doenças cardíacas. Eu queria morrer de viver, como a Dona Cida, aos 94 anos, depois de ter superado dois cânceres de mama, cercada dos filhos, netos e bisnetos, mas eu não escolho, se fosse assim não seria um pulo.
O que a vida parece dizer pra nós é que, na verdade na verdade, não importa como a gente morre, o importante mesmo é como a gente vive. Então, eu quero viver como eles, sem medo, para poder estar vivo quando a vida errar o mergulho. No fim, terá sido um acerto.
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