Empréstimo consignado para Auxílio Brasil: a visão do Banco Palmas
Jornalista, colunista de Economia da rádio O POVO/CBN; Coordenador de Projetos Especiais do Grupo O POVO DE COMUNICAÇÃO; Co-Autor do livro '50 Anos de Desenvolvimento Industrial do Ceará' e autor dos 'Diálogos Empresariais', dois livros reunindo depoimentos de líderes empreendedores do Estado do Ceará
O Governo Federal ratificou hoje a concessão de empréstimos consignados aos beneficiários do Auxílio Brasil até setembro próximo.
Os nomes das 17 instituições financeiras que irão operar esse crédito ainda não foram divulgados, e os juros estimados rondam 79% ao ano.
Uma barbárie, na avaliação do coordenador do Banco Comunitário Palmas, Joaquim Melo, nesta entrevista exclusiva à coluna.
Segundo ele, a instituição desse crédito pelo Ministério da Cidadania vai jogar milhões de brasileiros na estatística dos endividados, por conta dos juros escabrosos.
Na verdade, observa Joaquim, "esse dinheiro não será usado para empreendedorismo, e sim para pagar contas, uma bola de neve perversa contra os pobres."
O fundador do Banco Palmas cita o bom exemplo do programa Cearacredi, criado pelo Governo do Estado e operado pelo Palmas.
"Nossa taxa é de apenas 6% ao ano, meio por cento ao mês, direcionado para financiar a abertura de pequenos negócios, com total orientação aos tomadores".
E comemora: já foram aplicados em torno de R$120 milhões, beneficiando 30 mil cearenses.
A realidade do mercado
Na sua gênese, o crédito consignado foi pensado para ser igual a taxa Selic mais um pequeno spread para cobrir o custo operacional do operador financeiro.
Quando foi instituído ele tinha esse propósito, pois a segurança da operação é total para quem empresta.
A garantia está na conta bancária do tomador, resgatada diretamente da aposentadoria dos velhinhos, dos salários dos servidores públicos e em alguns casos das folhas de pagamento de salários.
"La garantia és tu sudor". Começou assim, juro baratinho. E logo disparou.
As consequências esperadas
O fundador do Palmas antevê consequências sociais e econômicas graves do anunciado Crédito Consignado do Governo Federal para os pobres do Auxílio Brasil.
"No desespero, as famílias fazem qualquer coisa para pagar suas dívidas e cobrir suas necessidades básicas, como alimentar-se por exemplo. Pagar juros de quase 100% ao ano, para quem está precisando comprar remédio, é simplesmente transferir o dinheiro dos pobres para os grandes bancos, e ampliar a estatística dos endividados".
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.