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Mercado não aposta em impeachment de Bolsonaro - ainda...
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Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.

Mercado não aposta em impeachment de Bolsonaro - ainda...

Os indicadores de bolsa e dólar fecharam a semana em alta. Os índices foram puxados pelo clima de otimismo nos Estados Unidos
Tipo Opinião
dólar (Foto: REUTERS/Rick Wilking)
Foto: REUTERS/Rick Wilking dólar

 

Uma vez, durante uma viagem de trabalho, ouvi de um investidor estrangeiro a expressão "vamos dar uma brasileirada", se referindo a uma possibilidade de entrar na contramão no trânsito.

As "brasileiradas" são conhecidas no mundo, mas às vezes surpreendem até os mais experientes. No caso do mercado financeiro, os custos dos processos são calculados; os das conversões perigosas, também.

Esta semana, com as denúncias realizadas na CPI da Covid, e as propostas incluídas na segunda fase da reforma tributária, o mercado iniciou a semana reavaliando suas contas. O Ibovespa caiu e o dólar também. Ontem, puxado pelos bons resultados nos Estados Unidos, nem as "brasileiradas" derrubaram os indicadores no Brasil: o Ibovespa fechou o dia com mais de 127 mil pontos e o dólar a R$ 5,05.

O economista-chefe da corretora Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira, em entrevista à coluna, fez uma análise desse cenário. O executivo acredita que o País deve permanecer no segundo semestre em um cenário difícil, de inflação e desemprego altos.

A recuperação da economia, segundo ele, ocorre em setores que geram pouco emprego. "O Banco Central terá de subir a taxa de juros e reduzir o choque causado pela crise hídrica para conter a inflação de outros setores", explica. Pedro Paulo acredita na melhora da economia global e das exportações, como também do setor de serviços de um modo geral.

Os norte-americanos saíram para o feriado de 4 de julho com boas notícias sobre a geração de emprego, motivando um clima de otimismo naquele país. No Brasil, o mercado financeiro não trabalha com a possibilidade de impeachment presidencial, mas projeta a continuidade da crise política até as eleições de 2022.

"Quem viveu mais de 10 anos no Brasil já viu tudo isso; a vantagem é que nunca é igual - mas custa caro", diz Pedro Paulo.

Pandemia

O PREÇO DO DESENCANTO

O Brasil mata. As estatísticas superam em muito as 520 mil pessoas vítimas de Covid-19. Há também uma perda da vida por desencanto. A falta de uma perspectiva tem roubado a energia de gerações (cringer, millennials,Z , X e baby boomers). O Brasil do século XXI deixou de ser o país do Carnaval, virou campeão de mal-estar.

Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) em 11 países mostra que os brasileiros sofrem mais com ansiedade (63%) e também com depressão (59%). Tememos a Covid, as fraudes, as decisões políticas, o trânsito, o desemprego, a morte e a vida.

A tristeza de muitos tem preço e contabilidade. Uma das áreas favorecidas é o mercado farmacêutico, que aposta em crescimento de 10,2% em 2021, segundo pesquisa da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). Os medicamentos representam 49% das vendas do setor. Dos 10 remédios que mais faturam no Brasil, dois são recomendados para dor de cabeça, o que mostra muito a situação da população.

No caso dos antidepressivos, a comercialização aumentou 17% em 2020. O levantamento do Conselho Federal de Farmácia mostra que foram vendidos quase 100 milhões de caixas de medicamentos controlados.

O desencanto pode ajudar no faturamento momentâneo de alguns setores, mas os efeitos são trágicos e traumáticos. Estamos passando de uma trajetória de um "país do futuro" para a de um "país sem futuro", apesar de suas riquezas naturais. Há tempo para reverter o cenário e criar esperança para depois, quem sabe, até tentar transformar a tristeza em algum samba bom.

Mas o momento não é para fugir da dor, mas mergulhar nas análises do nosso caos civilizatório.

O Trauma na Pandemia do Coronavírus
O Trauma na Pandemia do Coronavírus

Livro

O TRAUMA NA PANDEMIA

O professor e psicanalista Joel Birman, no livro "O Trauma na Pandemia - suas dimensões políticas, sociais, econômicas, ecológicas, culturais, éticas e científicas", apresenta vários ensaios nos quais aborda aspectos diferentes do momento pelo qual passamos. Birman segue o conceito de complexidade do filósofo Edgar Morin, e faz uma análise interdisciplinar dos impactos da pandemia. Leitura importante nesses dias difíceis.

SUSTENTABILIDADE

O Sustentabilidade Digital desta semana entrevista o secretário de Ciências e Tecnologia, Inácio Arruda, e o presidente da Empresa de Tecnologia da Comunicação (Etice), Adalberto Pessoa. O programa será exibido às 18 horas, nesta segunda-feira.

Romildo Rolim
Romildo Rolim

BATE-PRONTO >> ROMILDO ROLIM 

Banco do Nordeste: 32,7 mil operações no CE
e mais de R$ 2 bi com recursos do FNE

O presidente do Banco do Nordeste, Romildo Rolim, conversou com a coluna sobre as perspectivas para o segundo semestre. Confira a entrevista.

O POVO - O BNB superou R$ 20 bilhões em operações de crédito no primeiro semestre. Qual será a meta para o próximo semestre? E quais os setores prioritários?

Romildo Rolim - A projeção orçamentária do Banco do Nordeste para 2021 está em torno de R$ 42 bilhões, incluindo: R$ 24 bi da programação orçamentária total do FNE; R$ 15,7 bi referentes ao programa de microcrédito urbano (Crediamigo); e outras fontes, como Fungetur, Pronampe, operações de câmbio e capital de giro feitas com recursos internos do Banco. Fizemos mais de R$ 20 bi no primeiro semestre, e devemos aplicar os R$ 22 bi restantes no segundo semestre. Dessa forma, já contratamos a metade da programação orçamentária do FNE nesse primeiro semestre, somada a mais R$ 12 bilhões de outras fontes. Isso demonstra a regularidade que o Banco confere às aplicações do FNE, como mecanismo de injeção de recursos na economia. Seguindo o direcionamento estratégico do BNB, vamos continuar a cumprir toda a programação do FNE, investindo todo o orçamento e apoiando agronegócio, indústria, serviços e infraestrutura. Começaremos o plano safra, agora em julho, indo até junho do próximo ano, assim como também vamos manter o foco nas pequenas empresas.

O POVO - No Ceará foram 32,7 mil operações e mais de R$ 2 bilhões com recursos do FNE. Qual o impacto desses aportes na economia? O Banco tem feito uma avaliação desses resultados? Quem precisa mais de recursos?

Romildo Rolim - Foram R$ 2 bilhões aplicados com FNE no Estado do Ceará, neste semestre. No ano de 2020 foram investidos R$ 4 bi. A expectativa é de que encerremos o ano de 2021 com um investimento superior aos R$ 4 bi do ano passado, aqui no Estado. De fato, todo ano, ao encerrarmos as aplicações do Banco, fazemos os estudos de impacto dos investimentos, não só no FNE, mas também dos programas de microcrédito, considerando geração de emprego e renda, aumento na massa salarial, geração de tributos, dentre outros aspectos. Para isso, dispomos do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), órgão do próprio Banco, que faz a avaliação do FNE e dá o suporte para a avaliação das demais fontes. No estado do Ceará têm sido muito importantes os segmentos de micro e pequenas empresas, os setores de comércio e serviços, mas também os maiores empreendimentos têm apresentado importante contribuição para a economia local.

Breves

CIMENTO APODI - A Cimento Apodi lançou, em junho, o seu Relatório de Sustentabilidade 2020. O documento, que segue padrões internacionais, registrou investimentos de R$ 21,8 milhões, com produção de 1,5 milhão de toneladas de cimento. A produção foi 25% superior à de 2019.

FÓRUM - A Câmara Brasil-Portugal no Ceará realizará um fórum para discutir o fortalecimento dos negócios. O evento ocorrerá nos dias 7 e 8 deste mês, de forma online, e tratará do ambiente de feiras e eventos e de oportunidades na área de alimentação

CLUSTERS - Os projetos de empreendedorismo inovador ganharam reforço. Os programas Corredores Digitais e Clusters Econômicos de Inovação se uniram para lançar edital, com objetivo de melhorar a competitividade das empresas nas macrorregiões do estado. As inscrições estarão abertas a partir do próximo dia 15 de julho e seguem até o dia 15 de setembro, divididas em dois grupos. Topfive

Emprego

5 dicas para você ficar atento

O Centro Brasileiro de Cursos (Cebrac), que atua como agência de emprego e rede de educação, apresenta algumas dicas para conseguir um emprego neste segundo semestre.

1.

Faça currículos atrativos e sem informações em excesso. O modelo de currículos com muitas informações, prolixo, e em formatos sem objetividade, principalmente sobre as atividades exercidas, está ultrapassado. Inove: coloque apenas as informações que serão necessárias para aquela vaga e aposte em uma foto adequada

2.

Aposte em cursos e especializações. Se puder, faça algum curso que seja em área de ampla contratação, como está acontecendo com as empresas de TI e Administração.

3.

Pesquise sobre as empresas onde vai se candidatar; saiba em quais áreas seu serviço pode ser útil, e pesquise sobre as empresas nas quais você tenha vontade de aprender a trabalhar.

4.

Tenha foco, disciplina e comprometimento: estes são os pilares que movem qualquer relação trabalhista. As habilidades podem ser desenvolvidas mas, se o candidato não souber nitidamente o que quer, deve se manter focado, mesmo sob pressão, e comprometido com os resultados e os processos da empresa - isso irá transparecer de modo favorável durante a entrevista.

5.

Saiba quais são suas qualidades e melhore nos pontos em que tiver dificuldade. Ser seguro do que você sabe fazer, e o que pode oferecer, ajuda muito a ter uma postura profissional adequada. As dificuldades devem ser trabalhadas.

 

"A sociedade dominada pela histeria da sobrevivência é a sociedade dos mortos-vivos" Byung-Chul Han, filósofo coreano

 

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