
Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.
Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.
Após um ano afastada para tratamento de saúde, retorno neste novo espaço, agora para falar sobre trabalho, empreendedorismo, cooperativismo, governança e gestão. Para começar, vamos discutir o papel das lideranças.
Sabe aquele chefe cobrador, acostumado a pressionar os funcionários pelos resultados das metas estabelecidas? Eles estão no mínimo fora de moda. Neste adoecido mundo BANI - sigla em inglês que significa frágil, ansioso, não linear e incompreensível - o modelo de gestão das empresas formais baseado no binômio comando-controle passou a não ser bem visto. Com os esforços do Ministério do Trabalho contra o assédio moral nas companhias e o reconhecimento da Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional como doença ocupacional, há uma preocupação maior com a criação de um ambiente de trabalho saudável.
O educador Alê Prates, fundador da E3 - Escola de Educação Executiva, com sede em São Paulo, esteve semana passada em Fortaleza participando do Café com RH 2023, promovido pela Unimed Fortaleza, e conversou com a coluna sobre o assunto. Alê é autor do livro A Reinvenção do Profissional - tendências comportamentais do profissional do futuro (Editora Novo Século) e se orgulha de já ter treinado mais de 5 mil lideranças de grandes corporações. Para ele, a pressão faz com que as pessoas adoeçam. "Aprendemos, ao longo dos anos, que é preciso produzir metas e que só os resultados importam. Caso contrário, o funcionário é descartável, e isso gera insegurança psicológica, medo de perder o emprego", ressalta.
Diante da nova realidade, as lideranças precisam buscar uma forma de agir diferente. No lugar do líder cobrador, vem agora um modelo condicionador de desempenho. Ao contrário da pressão, surgem o modelo de colaboração para os resultados e a procura das razões para o baixo desempenho, não como caça às bruxas, mas para a identificação dos desafios. "As pessoas querem alcançar os resultados mas, por algum motivo, elas às vezes não conseguem. E um ambiente com cobranças extremas é naturalmente adoecedor", afirma Alê.
Há uma evolução nos processos de gestão. Os treinamentos não podem ser vistos como "perda de tempo". Alê conta que há nas empresas, em muitos casos, um excesso de trabalho com baixo resultado. Ou seja, a dificuldade está em outra dimensão.
É difícil não ser nostálgico quando se fala na avalanche de desregulamentação e insegurança, mas o mundo das atividades formais também está mudando. O ministro do trabalho, Luiz Marinho, gerou reações contraditórias quando disse que "a lei de terceirização é gêmea do trabalho escravo".
O consultor José Eduardo Gibello Pastores se apressou em responder a afirmação, destacando os avanços do ponto de vista jurídico, principalmente para os profissionais terceirizados. "Não há que se falar que a terceirização é 'prima do trabalho escravo' por conta destas fraudes em processos de contratações. Seria o mesmo que dizer que precisamos revogar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) porque há muitas contratações diretas de 'trabalho análogo ao de escravo'", reforçou.
No mundo formal e com boas empresas para trabalhar, as tendências nas contratações também estão passando por transformações. Conforme o relatório Tendências 2023, elaborado pelo GPTW, o setor de suporte e operação é o que mais pretende contratar (30,5%), seguido de relacionamento e vendas (30,2%), e de tecnologia (26,6%).
Detalhe: o setor de TI que saiu contratando desde 2021, impulsionado pela forte demanda de produtos e serviços, principalmente o boom do e-commerce, este ano tem outro cenário: a marca atual é de demissões em startups e big techs (Meta, Amazon, Nubank, Twitter etc.).
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