Logo O POVO+
Até onde as mulheres podem enfiar a mão?
Foto de Neila Fontenele
clique para exibir bio do colunista

Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.

Até onde as mulheres podem enfiar a mão?

Embora seja considerável a quantidade de empresas abertas por mulheres no Estado, as mulheres ainda representam menos da metade do total de unidades criadas de janeiro a junho deste ano no Ceará
Tipo Análise
Ticiana Rolim, da Somos Um: programa voltado para a área socioambiental (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Ticiana Rolim, da Somos Um: programa voltado para a área socioambiental

Entre mitos de super-heroínas poderosas capazes de vencer todos os obstáculos ou criaturas loucas e desesperadas ou ainda simplesmente complacentes com a realidade, muitas mulheres enfrentam o dia a dia e criam novos negócios.

Somente neste primeiro semestre de 2023, 23.902 mulheres empreenderam no Ceará. Os números da Junta Comercial (Jucec) mostram o esforço para a criação de novas unidades de serviço, comércio e indústria e, antes de tudo, para a sobrevivência. Embora seja considerável a quantidade de empresas abertas por mulheres no Estado, elas ainda representam menos da metade do total de unidades criadas de janeiro a junho deste ano no Ceará (55.953).

Uma olhada rápida pelas redes sociais nos dá uma boa ideia do comportamento do empreendedorismo feminino atual: muitas mulheres continuam na área de confecção e moda; outras partiram para a gastronomia, com bolos e marmitas entre várias linhas de produtos; e outras se especializaram em clínicas de beleza e saúde. Algumas ainda conseguem se manter em mais de uma atividade.

Apesar do esforço e dos avanços, ainda há muito preconceito em relação ao trabalho feminino, principalmente nas áreas onde é exigida maior qualificação ou são consideradas "território masculino". Um exemplo disso é o de médicas especializadas na área de proctologia; nesses casos, além do esforço para o estudo, ainda é preciso enfrentar as piadinhas de colegas e professores, além da discriminação de pacientes.

PRÊMIO DE R$ 50 MIL PARA INOVAÇÃO

Para ajudar as novas empreendedoras a romperem com os modelos clássicos de intimidação e terem novos estímulos para se aventurar nas áreas nas quais se sentem vocacionadas, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) lançaram o Programa Mulheres Inovadoras.

O prêmio começou a ser oferecido pelo programa em 2020, com a experiência da Finep em "venture capital" (capital de risco, normalmente para empresas iniciantes de pequeno e médio porte). O lançamento da versão 2023 será hoje, às 17 horas, na Planet Coworking Hub de Inovação, em Fortaleza.

O analista-sênior da Finep no Rio de Janeiro, Rochester Costa, participará do evento. Em entrevista para a coluna, destaca o incentivo financeiro e para a capacitação. "Há uma preocupação com a tripla jornada de trabalho feminino e o preconceito", reforça ele.

O prêmio regional oferecerá R$ 50 mil e mais R$ 50 mil para o nacional. Ou seja: há a possibilidade de se conseguir R$ 100 mil para as empresas que concluírem o processo de aceleração. "Queremos tecnologias aplicadas nos negócios", acrescenta Rochester.

 

Ticiana Rolim, da Somos Um: programa voltado para a área socioambiental(Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Ticiana Rolim, da Somos Um: programa voltado para a área socioambiental

INCENTIVO SOCIOAMBIENTAL

Na área de empreendedorismo social também há incentivos para mulheres, pretos, pardos e população LGBTQIAPN . A Somos Um, da empresária Ticiana Rolim, e o Pacto Global Rede Brasil, da ONU, abriram oportunidades para o programa "Desafio Inovação com Impacto", voltado para a área socioambiental. As inscrições terminam hoje, e podem ser feitas por meio do preenchimento de formulário disponível no site da Somos Um (www.somosumce.com.br). Ao final do programa, haverá premiação para dois negócios de impacto, no valor de R$ 50 mil cada um.

Estão sendo viabilizadas estratégias para se romper limites, vencer os preconceitos e criar um novo cenário. Embora a demanda social seja maior entre mulheres do Norte e Nordeste, segundo Ticiana Rolim, o empreendedorismo nesta área ainda é feito majoritariamente por homens brancos do Sul do País. É um longo processo.

 

Foto do Neila Fontenele

Trago para você o fato econômico e seu alcance na vida comum do dia a dia. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?