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G20 em Fortaleza: foco nos aplicativos
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Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.

G20 em Fortaleza: foco nos aplicativos

Em julho, ministros das 20 maiores economias do mundo estarão em Fortaleza para discutir políticas públicas relacionadas ao trabalho. As centrais sindicais já selecionaram alguns temas para colocar em pauta; a CUT, por exemplo, decidiu que 2024 será o ano para debater o trabalho realizado através de aplicativos
Tipo Opinião
Vladyson Viana, secretário do Trabalho no Ceará (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Vladyson Viana, secretário do Trabalho no Ceará

O ano de 2024 será importante para as discussões na área do trabalho. No Ceará, estão previstos R$ 74 bilhões somente em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que deve se refletir no emprego formal em áreas como a construção, o comércio e o setor de serviços de um modo geral. Além disso, o Estado será palco da reunião do G20, prevista para este mês de julho.

Com o evento, ministros das 20 maiores economias do mundo estarão em Fortaleza para discutir políticas públicas relacionadas ao trabalho. As centrais sindicais já selecionaram alguns temas para colocar em pauta; a CUT, por exemplo, decidiu que 2024 será o ano para debater o trabalho realizado através de aplicativos.

O G20 também colocou o tema dos aplicativos como uma das prioridades e o Congresso Nacional brasileiro tem um conjunto de iniciativas aprovadas nesta área. O secretário do Trabalho no Ceará, Vladyson Viana, que participou do Guia Econômico da Rádio O POVO/CBN, explica que há uma relação empregador/empregado identificada nesses tipos de contratos, como também uma rotina bem definida. Falta, entretanto, se estabelecerem os direitos e as garantias sociais.

Mulheres representam 37% do mercado

As questões ligadas ao trabalho, na avaliação do secretário, são muito atravessadas pela cultura. Uma questão, na sua avaliação, são os acidentes com motos, com impacto nas licenças por mais de seis meses. "Há muita discriminação com as mulheres em função da licença maternidade, mas não se pensa nos afastamentos por imprudência no trânsito. Há poucos estudos sobre o trabalho do cuidado, o que acaba prejudicando a trajetória profissional das mulheres", reforça.

Os números mostram também o tamanho do preconceito: dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de 2023 revelam que o saldo dos empregos no Ceará foi de 53.954, dos quais 33.410 foram para homens e 20.544 para mulheres. Segundo Vladyson Viana, isso é consequência da cultura machista, na qual a responsabilidade doméstica e familiar recai sobre as mulheres, que ainda precisam de uma rede de suporte, como creches em tempo integral.

As mulheres representam apenas 37% dos postos de trabalho com carteira assinada. Quando se pensa em empreendedorismo, a discriminação também é percebida. "As mulheres estão nas condições mais precárias de trabalho: fora do mercado de trabalho com carteira assinada e também fora do empreendedorismo formal. Estão normalmente desenvolvendo atividades informais, muitas vezes na sua residência, e é isso que tem mantido e dado dignidade a várias famílias brasileiras".

Mito ou verdade?

Apesar dessas configurações de trabalho e não trabalho, existem muitos mitos e verdades no mundo corporativo formal. Um desses mitos: nos tempos atuais, os trabalhadores realmente escolhem o emprego? A consultora Paula Dantas, diretora da Inova Varejo RH, acredita em uma seleção recíproca: as companhias fazem uma busca por novos funcionários, mas há também uma escolha do candidato em relação ao perfil da empresa. Se os processos de seleção ganharam mais complexidade (com tentativas de avaliação mais profunda dos candidatos sobre sua experiência, habilidades e comportamentos), também passou a existir um esforço maior para manter esses funcionários.

Paula Dantas destaca que a questão não passa mais apenas pelo salário financeiro, pois os profissionais precisam também se sentir importantes. "Há ainda um salário emocional", acrescenta ela. Atualmente, no mercado, há vários modelos de negócios, com uma adaptação ao home office, mas nem todo mundo consegue manter a produtividade com esse perfil. Diante disso, os processos de qualificação corporativa, planos de cargos e carreiras ganharam mais relevância.

 

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