Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.
Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.
Os desejos nem sempre têm relação com as necessidades. Eles podem incluir coisas supérfluas ou absurdas na visão de outras pessoas e ajudar nas desordens financeiras. Muitos gastos em fast food, jogos online e roupas, por exemplo, têm relação com compensações a situações do passado, como aquela frase: "Na volta a gente compra".
A economista e educadora financeira Mila Gaudencio, parceira do Will Bank, estudou o assunto e os sentimentos que levam ao desequilíbrio nas contas. Em entrevista ao Guia Econômico da Rádio O POVO/CBN, ela apresentou os dados da pesquisa "Dismorfia Financeira", desenvolvida pelo banco.
O estudo tenta entender um pouco da relação da população com o dinheiro, diante da calamidade nacional de 9,4 milhões de desempregados, altas taxas de juros e 78% das famílias endividadas. Foram ouvidas duas mil pessoas (homens e mulheres) em todas as regiões do País.
Essa dismorfia, na opinião de Mila, estaria visível na relação negativa com o dinheiro. Uma das suas origens, entretanto, estaria na compensação ou na falta de pertencimento a grupos sociais. Ou seja: no desejo de participar de um grupo com renda acima da sua; ou em se manter entre pessoas com uma renda inferior, e acabar pagando para todos.
Os resultados desses problemas são apresentados em números. O estudo revela que cerca de 90% dos brasileiros não conseguem comprar tudo o que desejam no mês e não contam com reservas para imprevistos. Diante dos sentimentos apresentados em relação ao dinheiro, essas pessoas também apresentam dificuldades para discutir questões ligadas à área financeira.
Claro que essa situação de dismorfia representa apenas parte do problema. Não estão incluídas, nessas situações, as questões ligadas ao desemprego e às dificuldades reais das pessoas de baixa renda, que possuem família numerosa para sustentar.
Para as mulheres, principalmente as pretas e pardas, a situação é ainda mais difícil. No estudo sobre dismorfia, 37% das mulheres disseram sentir vergonha ou constrangimento na hora de pedir um empréstimo ou de tentar resolver a situação financeira de alguma forma.
Apesar dessas sensações, existem saídas para romper os ciclos dessa dismorfia. Mila Gaudencio apresenta algumas dicas: a primeira delas é mapear todos os gastos e entender a diferença entre custo e estilo de vida.
"A categoria de conforto, em geral, é a que permite mais ajustes, mas é também muito particular: é onde está a diferença entre custo de vida e estilo de vida. No estilo de vida, estão despesas que não são primordiais, mas das quais a pessoa não abre mão e, por isso, entram no custo de vida. Com essa visão clara sobre os custos, é possível adaptar, dentro da sua realidade, os caminhos para que o dinheiro seja um propiciador de conquistas e não um limitador", explica.
Outro ponto importante é ritualizar antes de abrir a fatura do cartão e analisar os gastos: "Dance, cante, acenda uma vela ou faça alguma outra coisa que tenha sentido para você", reforça Mila. A economista ressalta a necessidade de reinventar a forma como os gastos são encarados.
"No final do dia, o dinheiro é seu amigo e está ali para ser usado com sabedoria. É importante lembrar que uma ação isolada pode não fazer diferença imediata mas, quando se olha a construção de toda essa jornada, criamos hábitos saudáveis que favorecem a médio e longo prazo uma relação mais saudável, transparente e positiva com o dinheiro", destaca ela.
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