
Neila Fontenele é editora-chefe e colunista do caderno Ciência & Saúde do O POVO. A jornalista também comanda um programa na rádio O POVO CBN, que vai ao ar durante os sábados e também leva o nome do caderno
Neila Fontenele é editora-chefe e colunista do caderno Ciência & Saúde do O POVO. A jornalista também comanda um programa na rádio O POVO CBN, que vai ao ar durante os sábados e também leva o nome do caderno
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A campanha do Setembro Amarelo nos lembra a necessidade de acolher as pessoas em suas dores mais profundas, mas isso não deve ser feito em apenas um mês específico. As políticas de cuidado precisam se estender por todo o ano.
Como lembra o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e psiquiatra do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), Fábio Gomes de Matos e Souza, orientador do Projeto de Apoio à Vida (Pravida) e presidente da Associação de Psiquiatria do Estado do Ceará (Apec), a cidade de Fortaleza tem uma necessidade urgente: precisa estruturar melhor uma política de apoio dedicada à saúde mental.
A Apec está fazendo o seu papel, oferecendo sugestões através de um documento, mas, enquanto os problemas ligados ao suicídio forem percebidos apenas como questões particulares, dificilmente avançaremos. Pelos dados da Associação, mais de 90% das pessoas que praticaram o suicídio estavam com algum tipo de transtorno psiquiátrico, mas uma pergunta anterior aos casos de adoecimento precisa ser feita: o que está acontecendo para que tantos sujeitos, inclusive muitos jovens, apresentem manifestações e sintomas de problemas de saúde mental?
Essa é uma grande questão que a sociedade não pode deixar de investigar e buscar soluções. Portanto, são necessárias mais estruturas para atendimento, mas também uma análise profunda dos fatores de risco geradores de adoecimento. Entre eles: o isolamento social de alguns grupos de pessoas, a falta de perspectiva profissional para jovens; a violência sexual; a adicção, o bullying e a discriminação de gênero.
Caso contrário, mesmo misturando lítio (medicamento para modulação de humor) na água da Cagece, desconfio da necessidade de doses cada vez maiores para conter as manifestações do sofrimento humano.
O lítio já é bastante conhecido por seus efeitos em diversos processos biológicos cerebrais e é amplamente utilizado no tratamento da bipolaridade. Embora a ciência ainda esteja investigando todos os seus benefícios, alguns estudos apontam para seu potencial em auxiliar pacientes com Alzheimer (com bipolaridade) e outros transtornos cognitivos leves.
E por falar em saúde mental e neurológica, no próximo domingo (21), Dia Mundial de Conscientização da Doença de Alzheimer, acontece a "Caminhada da Memória", na Beira-Mar, em Fortaleza. O evento é uma iniciativa da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz- Regional Ceará) e do projeto MoviMente, com apoio da SBGG-Ceará. O objetivo é reforçar a importância de cuidar da nossa mente.
O médico neurologista Norberto Frota, diretor da ABRAz, destaca a necessidade de adotarmos hábitos saudáveis, como a atividade física, para promover a saúde e prevenir a demência. Afinal, cerca de 1,8 milhão de pessoas no Brasil já vivem com algum tipo de demência diagnosticada.
A campanha do Setembro Amarelo e a caminhada pela conscientização do Alzheimer nos mostram que a luta pela saúde mental é uma jornada constante, que não pode ser negligenciada.
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