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Mundo corporativo: a ética e a tentativa de diálogo como fator dominante
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Colunista de Economia, Neila Fontenele já foi editora da área e atualmente ancora o programa O POVO Economia da rádio O POVO/CBN e CBN Cariri.

Mundo corporativo: a ética e a tentativa de diálogo como fator dominante

Tipo Opinião

Como já disse o escritor Luís Fernando Veríssimo, "quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas". Essa foi uma das sínteses da situação atual do 20º Congresso Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), realizado esta semana em São Paulo, cujo tema foi o "Fator humano - impacto na era digital".

O evento mostrou a preocupação de agentes financeiros com as fragilidades no mercado de consumo e apontou mudanças no capitalismo global. Uma das apostas é que o século XXI, diferente do anterior, será marcado pela ética e pela empatia. Um discurso que parece música diante da situação econômica atual e da gravidada dos indicadores de desemprego. A preocupação de gestores é com a elaboração de erros do século XX, marcado por inovações e guerras, para que eles não se repitam.

Diferente de anos anteriores, quando os processos de governança corporativo focavam principalmente na área financeira, este ano a pauta apresentou uma evolução no vocabulário, ampliado por palavras como: diálogo, empatia, necessidade de escuta, alma e espírito nas empresas.

Como disse um dos organizadores do evento, trata-se de uma tentativa de equilíbrio entre os aspectos racionais e emocionais para atingir inteligências múltiplas. Nada mais oportuno para o momento. A coluna foi convidada a participar e apresenta alguns temas abordados.

Capitalismo

NOVO REGRAS

O discurso aparentemente utópico de alguns palestrantes do 20º Congresso do IBGC foi balizado pelo posicionamento da organização Business Roundtable, que reúne os presidentes-executivos de 181 das maiores corporações dos Estados Unidos. A instituição quer redefinir as regras do capitalismo norte-americano, com uma mudança radical no propósito das organizações, rompendo com a política de maximização dos lucros dos acionistas acima de tudo.

Através de comunicado, a entidade norte-americana destacou que as corporações devem favorecer seus funcionários, clientes e a sociedade. O fundador do IBGC, Lélio Lauretti, explica o cenário: "A ideia do capital financeiro dominante é absolutamente superada. Este é um pensamento do século XX, marcado pelos aspectos econômicos", acrescenta.

A ideia predominante para o século XXI seria a ética. Portanto, na sua visão, não é mais possível justificar o aumento de lucro diante do impacto sociais das demissões decorrentes das novas tecnologias.

Transparência

COMUNICAÇÃO INTEGRAL

A visão de ética, segundo Lélio Lauretti, não pode ser entendida como a antítese da corrupção. "Temos visto os alicerces da corrupção desaparecendo. O primeiro alicerce a cair é o sigilo absoluto; o outro é a tradição brasileira que tudo acaba em pizza e isso está terminando", acrescenta. A ética, pelo olhar de Lauretti, seria um conjunto de princípios universais afirmativos e perenes. "Quando surge o outro nasce a ética", ressalta citando o escritor Umberto Eco.

O aumento dos sistemas de comunicação estaria favorecendo os mecanismos de transparências. O desafio é fazer com que o desenvolvimento ocorra através das pessoas, que não podem ser confundidas com meras estatísticas, principalmente diante de uma comunicação integral.

Geraldo Luciano, vice-presidente do grupo M. Dias Branco
Geraldo Luciano, vice-presidente do grupo M. Dias Branco

M.Dias Branco

INCENTIVO A STARTUPS

O Ceará apresentou uma boa representação em São Paulo, durante o 20º Congresso do IBGC, com a presença da diretoria do grupo M.Dias Branco, do Hapvida e da secretária de Meio Ambiente de Fortaleza, Águeda Muniz. O vice-presidente do M.Dias Branco, Geraldo Luciano, foi um dos palestrantes do evento e defendeu a participação feminina nos conselhos das empresas.

O executivo também mostrou uma das políticas de inovação da empresa através de incentivos a startups de diversos setores. O programa Germinar foi iniciado há dois anos, após visita ao Vale do Silício, nos Estados Unidos, e está em sua segunda fase.

No momento, o programa seleciona startups que terão algum tipo de relação com grupo, que pode ocorrer de diversas formas: acordos operacionais, distribuição de produtos, empréstimos conversíveis em ações ou a compra de participação acionária.

Ideias curtas

APOSTA NO DIÁLOGO

A psiquiatra Tânia Almeida, fundadora da empresa Mediare, também deu seu recado, lançando um caminho para a abertura do diálogo entre pessoas com posições opostas: "Vivemos o encurtamento do tempo das nossas ideias, que precisam ser descartáveis como os produtos. Precisamos ficar atentos ao outro para revê-las", acrescenta.

Segundo Tânia, devemos ouvir o outro e embrulhar para presente as informações com as nossas posições para que elas possam ser aceitas e modificadas.

A FRASE

Hoje em dia conhecemos o preço de tudo e o valor de nada

Oscar Wilde (1854-1900), escritor irlandês

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